segunda-feira, outubro 11, 2010

Recordações da casa amarela


Um dos exemplos maiores da arquitectura barroca (referência inclusivamente na afirmação de uma identidade do estilo rocócó alemão), o palácio de Sanssouci é a jóia da coroa do Parque Sanssouci, um gigantesco complexo de jardins, palácios e pequenas outras construções que marcaram, entre meados do século XVIII e XIX, espaço de grande protagonismo na vida dos reis da Prússia. Sanssouci é na verdade apenas um pequeno palácio de Verão, mandado construir em finais dos anos 40 do século XVIII por Frederico II (o Grande), um rei da era das luzes, amante dos livros, da música e das ideias que ali, em Potsdam (a uma meia hora do centro de Berlim em viagem no metro), criou um espaço de escape ao ambiente da corte na capital.

Sanssouci é presença certa em qualquer livro sobre história da arte. É um dos mais célebres palácios reais europeus do seu tempo. E, em 2007, foi inspiração para Sanssouci, uma canção de Rufus Wainwright incluída no álbum Release The Stars.


Conta-se que tudo começou numa jornada de campo. Um picnic, em 1743. O rei gostou da vista da elevação onde pararam para almoçar. Ordenou a compra dos terrenos em seu redor e traçou ele mesmo o esboço do que ali queria ver construído. Um pequeno palácio de aspecto confortável e dimensão em escala humana, com uma ala para si mesmo e uma outra para convidados. Em frente, acompanhando a encosta, levantou socalcos e nela mandou plantar vinhas. Numa horta ao lado (onde depois mandou erigir uma galeria de arte) cultivou frutos tropicais.

O arquitecto seguiu as suas linhas à risca. Sanssouci seria mais tarde (já no século XIX) ampliado recebendo então extensões nas alas leste e oeste. Mas o corpo central mantém-se (salvo na decoração neoclássica do escritório do rei) relativamente fiel à visão de Frederico II. O corpo central ocupa tem pouco mais de dez salas e apenas um piso. A ala leste é o espaço priovado incluindo uma biblioteca, um erscritório, quarto e uma sala de música (que é um dos melhores exemplos do estilo de decoração adoptado pelo rei). Ao centro uma sala oval representava o espaço central de pequenas recepções. Na ala oeste ficam os vários quartos destinados aos convidados.


Imagens de três salas da ala privada do rei. Primeiro o corredor que as une e que é um dos primeiros espaços percorridos por quem visita o palácio. Em segundo lugar a biblioteca do rei, que ocupa o torreão leste da estrutura central do palácio. Entre as obras arrumadas nas prateleiras destaca-se a presença de diversos títulos de Voltaire. A terceria imagem mostra a sala de música, espaço onde, além de concertos privados, era também servido o café depois das refeições.


Um dos mais célebres retratos de Frederico II é na verdade uma pintura criada quase cem anos depois das noites de música que fizeram desta uma das mais faladas das salas de Sannsouci. Assinado por Adoplh Menzel, O Concerto de Flauta data de 1850 e mosta um concerto de flauta, na sala de música do palácio de Sanssouci, com o rei como solista.


A ala oeste da estrutura central de Sanssouci é constituída por uma sucessão de quartos destinados aos convidados que o rei tinha durante temporadas nesta sua residência de verão. Na imagem o chamado Quarto de Voltaire, sendo que o nome decorre de uma ilusória hipótese do filósofo ali ter pernoitado aquando da sua passagem por Potsdam.

Palácio de Sanssouci
Parque Sanssouci, Potsdam
Metro: Potsdam Hauptbanhof (S-bahn). Há serviço autocarro até ao palácio. A pé o percurso leva uns 15 minutos a bom passo.