quarta-feira, outubro 20, 2010
Novas edições:
Neil Young, Le Noise
Neil Young
“Le Noise”
Reprise / Warner
4 / 5
Neil Young continua a manter um impressonante ritmo de trabalho e raros têm sido os anos sem uma nova edição sua. Le Noise é o seu melhor disco desde o magnífico Prairie Wind (de 2005), porém seguindo por caminhos bem distintos. Neil Young entrou sozinho em estúdio, apenas acompanhado pelas suas guitarras (acústicas e eléctricas). E, com ele, apenas um colaborador: o produtor Daniel Lanois. Le Noise é, assim, um disco de Neil Young sob moldura (e cenografia) coadjuvada por Lanois. Praticamente sem arranjos, o alinhamento traduzindo uma crueza que podemos entender entre o que seriam as versões originais destas canções no estado de maquete e as intervenções que, em estúdio, com loops, ruídos, ocasional distorção ou, por vezes, nada a mais, Lanois juntou ao que Neil Young lhe levava. É por isso um disco ao mesmo tempo vulnerável e pessoal, mas por outro lado incrivelmente pungente. À excepção de duas belíssimas baladas acústicas – Peaceful Valley Boulevard, onde se evocam memórias da história americana e Love and War, num ponto de vista muito pessoal sobre um dos temas mais recorrentes na obra recente do músico – Le Noise é palco para encontros entre uma voz aparentemente frágil (mas que canta sólidas palavras), uma guitarra eléctrica e texturas que vão de simples ecos a drones que quase evocam heranças do krautrock. Passada a eventual surpresa de um primeiro encontro, Le Noise conquista-nos aos poucos para se revelar um dos mais desafiantes e gratificantes dos discos recentes de Neil Young.