segunda-feira, outubro 25, 2010

Novas edições:
James Blake, Klavierwerke


James Blake
“Klavierwerke”
R & S
5 / 5

É uma das grandes revelações do ano. Cruzando heranças de uma educação “clássica” com um interesse por novas formas e ferramentas ao serviço do compositor do século XXI, James Blake é mais um nome a destacar num panorama em que de pode falar de uma música de dança que não é necessariamente coisa para dançar… Depois de ter editado, há alguns meses, o EP CMYK, onde explorava mais profundamente os mecanismos do ritmo e os métodos da dança, em Klavierwerke abre portas a um mundo novo e desafiante que entretanto terá continuidade na ainda mais recente versão de Limit To Your Love (que se prepara para editar brevemente em single), o que abre ainda mais o apetite para um álbum de estreia, cada vez mais esperado, para 2011. O título do EP é o primeiro elemento a “baralhar” eventuais questões de género. É um nome que estamos habituados a ver nos domínios da música clássica (simplesmente traduz a ideia de “obras para piano”). E, de facto, o piano e claros ecos de uma relação com a sua formação musical, são peças centrais nas quatro novas compoisões onde, contudo, cabe às electrónicas todo o protagonismo. Micro-acontecimentos sucedem-se sob contenção minimalista, a repetição de elementos e sua disposição no espaço criando verdadeiras filigranas de arrumado geometrismo onde, contudo, habita a surpresa. Vozes processadas, que nunca deixam os temas ser integralmente instrumentais, não o sendo contudo nunca exactamente canções (no sentido “clássico” do termo), são peça determinante na moldagem de pequenos grandes acontecimentos que revelam ainda uma espantosa relação com o silêncio, como se pode constarar pelas diversas composições, mas com destaque maior no espantoso I Only Know (What I Know Now). Se CMYK lançava promessas, Klavierweke vai mais além e coloca o nome de James Blake já entre os grandes acontecimentos de 2010.