Foi um dos símbolos mais populares dos galãs americanos que emergiram, em Hollywood, no começo dos anos 50 — Tony Curtis, de seu nome verdadeiro Bernard Schwartz, faleceu na sua casa, na zona de Las Vegas, contava 85 anos.

Se é verdade que o triunfo de Curtis é inseparável de um
look mais ou menos distante e sedutor, não é menos verdade que a sua vasta filmografia está recheada de desafios tão inesperados quanto invulgares. Revelado através de um pequeníssimo papel em
Dupla Traição (1949), de Robert Siodmack, a primeira fase da sua carreira — até à nomeação para o Oscar de melhor actor, com
Os Audaciosos (1958), de Stanley Kramer — inclui títulos marcantes como
Winchester 73 (1950), de Anthony Mann,
Isto É Paris (1954), de Richard Quine, e
Mentira Maldita (1957), de Alexander Mackendrick. Surgem, depois, dois filmes célebres: a obra-prima da comédia
Quanto Mais Quente Melhor (1959), com Marilyn Monroe e Jack Lemmon [cartaz], sob a direcção de Billy Wilder, e
Spartacus (1960), um dos marcos da "superprodução" da época, dirigido por Stanley Kubrick.
Curtis soube ser ligeiro e divertido, como em A Grande Corrida à Volta do Mundo (1964), de Blake Edwards, mas também enigmático e inquietante, por exemplo no magnífico O Estrangulador de Boston (1968), de Richard Fleischer. Aquele que é, talvez, o seu derradeiro grande papel ocorreu, ironicamente, num filme sobre as ilusões amargas da idade de ouro de Hollywood: foi em O Grande Magnate (1976), última realização de Elia Kazan, adaptando The Last Tycoon, de F. Scott Fitzgerald.