terça-feira, setembro 21, 2010

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OMD, History Of Modern



OMD
“History Of Modern”

100% / Edel
3 / 5

Regressar ou não regressar, eis a questão… Este é talvez o verbo que mais vezes hoje vemos ser conjugado por bandas que fizeram história noutros tempos (e muitas delas grandes discos) e que, valentes anos depois reencontram plateias (habitualmente dominadas por velhos admiradores) mais desejosos de reencontrar os êxitos antigos que dispostos a escutar novas canções. Nada de errado nas nostalgias (se bem que, convenhamos, vivê-las apenas para recordar não nos leva a lado nenhum senão ao passado). Nada de errado portanto nas reuniões, sendo certo que, nunca traduzindo a verdade do real tempo de vida da música que se evoca, muitas vezes têm gerado oportunidades de encontros (ler concertos ao vivo) que, no passado, nunca tinham sido possíveis. Os Bauhaus, por exemplo, assinaram notável digressão de reunião na histórica Resurrection Tour de 1998. Mas estragaram a depois a pintura ao regressar mais vezes, uma delas com um absolutamente inconsequente novo disco de originais. Na verdade têm sido demasiado frequentes os exemplos de bandas que não deveriam ter ido além das digressões greatest hits e resistido ao impulso de gravar novos discos. Que dizer então do regresso dos OMD? Reencontraram-se em 2007. Como tantos outros regressos, começaram pela estrada, recordando na íntegra o seu álbum histórico de 1981 Architecture and Morality e chegando mesmo a editar um registo em disco dessa digressão (o primeiro live album da discografia dos OMD). Só então decidiram o passo seguinte. E em History Of Modern, mesmo muito longe de nos apresentarem um disco ao nível dos seus melhores, revelam uma soma de argumentos entre as evocações das fundações da sua linguagem pop electrónica e alguns breves ensaios de novas ideias. Celebram os Kraftwerk em RFWK, recuperam uma melodia de 1981, nunca finalizada como canção, em Sister Mary Says. Ao mesmo tempo citam um clássico do gospel em Sometimes e experimentam novas dinâmicas ligadas às electrónicas dançáveis do presente em Pulse… Não nascerá aqui um êxito do calibre dos que em tempos nos deram, o disco revelando contudo um alinhamento nem melhor nem pior dos que foram lançando em álbum depois de Junk Culture (1984). O futuro que sonhavam há 30 anos é agora o presente. Mas é pouco provável que estas canções entusiasme outros senão os que os seguiram no passado.