É uma espécie de lei não escrita dos Oscars: entre os principais candidatos, há sempre uma produção britânica (em termos não necessariamente económicos, mas temáticos e simbólicos) ligada à tradição do melodrama histórico. Este ano, aparentemente, essa função será desempenhada por The King's Speech, sobre as atribulações do Rei Jorge VI (pai da Rainha Isabel II) no momento de assumir as suas funções de dirigente supremo do Reino Unido. Mais concretamente, o filme centra-se nas relações do monarca com Lionel Logue, terapeuta da fala que o ajudou a superar a dificuldade de discursar em público, em particular no período que antecedeu o envolvimento do seu país na Segunda Guerra Mundial.
Com argumento de David Seidler (que, em 1988, escreveu Tucker, para Francis Ford Coppola) e realização de Tom Hooper (cineasta que, em 2009, dirigiu o drama futebolístico Maldito United), The King's Speech parece ter duas interpretações talhadas para nomeações: Colin Firth [foto de rodagem] e Geoffrey Rush, respectivamente nas personagens do Rei e do seu professor. Para já, registe-se o impacto do filme no Festival de Toronto onde arrebatou o prémio do público (Cadillac People's Choice Award) que é, para todos os efeitos, o mais importante de um certame deste género.