quarta-feira, agosto 04, 2010
Melhor o '3' que o '3-D'
E assim se passa um testemunho. 15 anos depois de descobrirmos Woody, Buzz e os seus outros brinquedos, o pequeno Andy cresceu, parte agora para a universidade ao volante do seu carro e, no novo filme da série Toy Story, vemos como pode arrumar essas memórias. Um verdadeiro dilema… No sótão? Oferecendo-as? Deitando-as fora?... Pelo caminho, e inesperadamente, os brinquedos vêm-se entregues a um infantário onde descobrem um mundo aterrador, dominado por um ursinho de ar bonacheirão e cheiro a morango mas que, na verdade, não é flor que se cheire. Um sistema de vigilância digno de um thriller e pontuais sequências que piscam o olho às linguagens do cinema de terror juntam à narrativa uma dimensão que faz do filme um objecto na verdade mais apontado ao público com idade suficiente para chegar com os pés ao chão ao sentar-se na cadeira da sala de cinema…
Porém, tão importante quanto o é a trama central, que acompanha a chegada ao tal infantário e a tentativa de fuga que os brinquedos organizam, Toy Story 3 é, também, um filme sobre a dor, os receios e a primeira descoberta do que é afinal evocação das memórias, naquele momento de mudança que chega quando nos aperecbemos que o mundo dos brinquedos ficou irremediavelmente para trás.
Tecnicamente irrepreensível, Toy Story 3 peca apenas pela insistência (cada vez mais presente em muitas estreias) na opção visual pelo recurso a uma imagem 3D que aqui se revela absolutamente inconsequente e que nada acrescenta nem à narrativa nem à forma de a ver evoluír no grande ecrã.