domingo, julho 18, 2010

Ser ou não ser "famoso"

FOTO Jack Manning/The New York Times

"O mundo já não manifesta tolerância — muito menos fascínio — pelas pessoas que não estão dispostas a publicitar-se a si próprias. As figuras envolvidas em sombras estão fora de moda numa cultura em que a palavra de ordem é transparência" — são palavras sucintas e directas que integram um extraordinário artigo publicado na edição de 18 de Julho de The New York Times.
Começando por evocar uma visão acidental de Greta Garbo, na Madison Avenue, em 1985, Ben Brantley [foto], principal crítico de teatro do jornal, evoca figuras como Jacqueline Kennedy [foto em cima] ou Lady Diana para celebrar um tempo em que o silêncio das celebridades era uma componente indissociável do seu continuado mistério. O artigo intitula-se 'Whatever happened to mystery': "A actual democracia da tecnologia conspira, como é óbvio, para o fim rápido e brutal da intensa semi-invisibilidade que Garbo tão bem sustentou." Mais do que isso: "Agora, quem quer que possua um telemóvel é um membro potencial dos paparazzi."
Numa admirável escrita jornalística — capaz de combinar a descrição atenta e exigente do mundo à nossa volta com uma perspectiva realmente crítica e fundamentada —, Ben Brantley faz um dramático ponto da situação da conjuntura mediática dos "famosos", mostrando, com serena contundência, que tal conjuntura promove uma cultura da banalidade, da indiferenciação simbólica e da indiferença pelo humano. O artigo está disponível nas páginas do NYTimes.com, na secção 'Fashion & Style'.