Mais uma edição de uma gravação de uma obra de Mahler em tempo de assinalar os 150 anos do nascimento do compositor. Dirigida por Valery Gergiev, a London Symphony Orchestra apresenta a sua Sinfonia Nº 4, contando com a presença de Laura Claycomb (soprano). Originalmente composta entre 1899 e 1901 é a mais curta das sinfonias de Mahler e aquela em que a orquestra se apresenta em formato mais reduzido, e tem como ponto de partida uma canção que havia composto algum tempo antes (mais uma com texto encontrado em Des Knaben Wunderhorn). A contenção de recursos não implica contuduo uma menor intensidade no jogo de ideias e reflexões que a atravessam, o próprio Mahler tendo descrito, depois de concluir a sinfonia, que esta o tinha surpreendido a si mesmo, estabelecendo um contraste entre quem, num sonho, entrara num jardim mítico, perfumado a flores, e acabara depois num inferno entre horrores…
A Sinfonia nº 4 de Gustav Mahler corresponde à sétima edição em disco de um ciclo que a London Symphony Orchestra tem vindo a lançar, com regularidade, ao longo dos últimos anos, com Valery Gergiev (na foto) à frente da orquestra. A integral (ainda em curso, faltando ainda as sinfonias números 5 e 9, restando depois saber como será abordada a nada unânime 10ª) ganhou entretanto um lugar de destaque entre o catálogo da LSO Live, a editora que a própria orquestra criou no ano 2000, assegurando um modelo de auto-edição que entretanto tem vindo a ganhar adeptos junto de outras formações pelo mundo fora. São já perto de 70 os títulos do catálogo da LSO Live, à integral (em curso) de Gergiev dedicada a Mahler juntando-se importantes ciclos dedicados a Beethoven e Brahms por Bernard Haitink e a Sibelius, Berlioz ou Elgar por Colin Davis.
Numa pequena entrevista promocional (ver vídeo em baixo) que acompanha esta integral dedicada às sinfonias de Gustav Mahler, o maestro refere o impacte cada vez maior que a música do compositor tem vindo a causar nos nossos dias. Refere a importância do detalhe, falando como “pequenos pormenores soam como sendo uma parte insubstituível do todo”. A perfeição, acrescenta, “está garantida, mas há que ir mais fundo, tal é o poder da organização”, explica o maestro referindo-se uma vez mais ao cuidado trabalho de composição que esta música traduz. “É um sonho para um músico poder partilhar esta música com o público”, remata. E assim foi. Esta Sinfonia Nº 4 foi escutada, em concerton ao vivo, no Barbican (em Londres) em Janeiro de 2008 e agora, em disco, corre pelo mundo…
Nestas imagens Valery Gergiev apresenta o ciclo dedicado a Mahler que tem vindo a gravar com a London Symphony Orchestra.