quinta-feira, julho 08, 2010

Novas edições:
Devo, Something For Everybody


Devo
“Something For Everyone”
Warner Bros.
3 / 5

A história dos regressos e reuniões é já longa nos domínios da música popular, na maior parte dos casos com uma atitude de nostalgia por cenário e um afagar das contas bancárias por objectivo. A esmagadora maioria das reuniões vive no palco, em concertos com alinhamento feito do baralha e volta a dar de velhos êxitos. Houve, ao longo dos anos, quem desejasse a estas juntar novas canções e, na esmagadora maioria dos casos, os discos que nasceram ficaram sempre valentes furos abaixo da memória dos anteriores títulos nas suas discografias. As excepções à regra (a esta regra, entenda-se) são poucas, os House Of Love ou Art Of Noise contando-se entre os raros casos de reuniões das quais nasceram discos interessantes. E eis que mais um título se pode juntar a essa magra lista. Something For Everybody concretiza, três anos após primeiros sinais de eventual regresso às gravações, o reencontro dos Devo com os discos. Fá-lo 20 anos depois do seu mais recente disco. Mas, mesmo atingir o patamar que deles fez um dos casos maiores nos dias da new wave, na verdade, revela uma banda entusiasmada e fiel a si mesma capaz de criar, finalmente, os sucessores para Freedom Of Choice (1980) e New Traditionalists (1981) que a demais discografia dois oitentas não alcançou. Something For Everybody é um disco pop. Ostensivamente pop, as canções respirando uma luminosidade festiva que serve de palco a visões do homem e do mundo que retomam em pleno a identidade crítica e bem humorada de outros tempos. Não é um disco retro e ponto final, embora não seja um álbum pop como o são os discos pop dos dias que correm. O cruzamento do viço das guitarras com a intensidade electro pop que a banda tão bem explorou em finais de 70 e inícios de 80 é reencontrada, a produção vincando marcas de identidade do presente, Santi White (mais conhceida como Santigold) sendo uma das forças presentes a vincar esta ponte entre épocas, co-produzindo os temas Fresh e Don’t Shoot (I’m A Man). Não vai fazer a revolução. Não será o disco que inscreverá os Devo na história da pop (a honra coube aos singles e álbuns que editaram sobretudo entre 1978 e 81). Mas faz da sua reunião um agradável reencontro. Sem sabor a mofo, nem a equívoco capaz de magoar memórias de outros dias.