quarta-feira, julho 07, 2010

Nos 150 anos de Mahler


Assinalam-se hoje a passagem de 150 anos sobre o nascimento de Gustav Mahler. O texto que se segue é uma versão editada de um outro publicado na edição de 5 de Julho do DN com o título ‘Não vão faltar discos nos 150 anos de Gustav Mahler’.

É um dos maiores compositores de todos os tempos, a sua música sendo hoje presença regular em salas de concerto de todo o mundo e em edições discográficas pelas mais variadas orquestras, maestros e cantores. Mas nem sempre assim foi. Em vida, Gustav Mahler (1860-1911) foi mais bem sucedido e reconhecido pelo seu trabalho como maestro que pela sua própria música. Depois da sua morte houve maestros (como Bruno Walter ou Otto Klemperer) que tentaram manter a sua memória viva, porém, com o boicote lançado nos anos 30 pelo regime nazi (Mahler era judeu), quase se fez silêncio. A música de Mahler começou a regressar às salas de concertos (e aos discos) a partir dos anos 60, tendo conhecido no maestro (e também compositor) Leonard Bernstein um dos seus maiores entusiastas.

Hoje assinalam-se os 150 anos sobre o nascimento de Mahler. E a quantidade e variedade de títulos discográficos que o mercado tem recebido (e vai ainda acolher) é nova constatação de um estatuto que, finalmente reconhecido nos anos 60, hoje faz unanimemente de Mahler um nome fulcral na história da música.

"Um profeta do pluralismo", como refere o texto de Christian Wildhagen que acompanha a Gustav Mahler Complete Edition, caixa de 18 CD da Deutsche Grammophon (ver ao lado) que apresenta a integral das obras de Mahler através de gravações do seu arquivo. Por seu lado, a EMI edita uma caixa antológica de 16 CD (Complete Works) que junta gravações históricas a registos recentes. Também a Naxos juntou uma integral sinfónica em The Complete Symphonies (com 15 CD). E ao mercado regressa uma outra integral, esta sob a direcção de Leonard Bernstein, com o título Mahler: The Symphonies (que comporta 11 CD).

Além das antologias há novas gravações. Entre os títulos mais recentes Neeme Järvi dirige a Residentie Orch. The Hague numa Sinfonia N.º 7 (Chandos), Esa-Pekka Salonen interpreta, com a Philharmonia Orchestra, uma Sinfonia N.º 9 (Signum Classics), David Zinman, com a Tonhalle Orchestra, de Zurique, apresenta uma Sinfonia N.º 8 (Sony Classical) e Valery Gergiev dirige a London Symphony Orchestra numa Sinfonia N.º 4 (LSO). Recente é ainda uma edição, na Virgin Classics, de uma Sinfonia Nº 2, pela Orquestra Sinfónica da Rádio de Frankfurt, dirigida por Paavo Järvi, contando com a voz de Natalie Dessay. Outra edição que, de certa forma, assinala a efeméride, é a gravação, pela Tonkünstler-Orchester Niederösterreich, sob direcção de Kritsjan Järvi, da versão da 9ª Sinfonia de Beethoven segundo os arranjos de Mahler.