domingo, julho 04, 2010

Mahler em visão panorâmica

O assinalar dos 150 anos do nascimento de Gustav Mahler (1860-1911) revela-se na oferta discográfica através de uma série de edições das quais daremos conta ao longo deste mês. Entre os títulos já disponíveis conta-se uma caixa antológica na quai a Deutsche Grammophon propõe um reencontro com a integral das obras do compositor, através de uma selecção de gravações por diversdos maestros, orquestras e cantores que foi lançando, ao longo dos anos, no seu catálogo.

A Gustav Mahler Complete Edition (assim se apresenta esta caixa de 18 CD) junta uma série de visões e abordagens possíveis à obra de Mahler. Assim, ao mesmo tempo que regressa ao mercado a marcante integral das sinfonias sob direcção de Leonard Bernstein (o maestro que, nos anos 60, devolveu a então algo esquecida música de Mahler às salas de concertos e dela fez a referência global que o tempo não mais contrariou), esta outra antologia aposta antes num olhar amplo onde a diversidade das formas de interpretar a música garantem um outro panorama. A caixa junta as onze obras sinfónicas – as nove sinfonias completas, a inacabada décima e Das Lied Von der Erde – aos ciclos de canções que Mahler compôs. Uma obra aparentemente curta (mas de uma invulgar visão, personalidade e carga filosófica), nascida em grande parte em tempo de pausa na carreira de um compositor que o era apenas nas horas vagas, a carreira como maestro tendo ocupado um protagonismo sempre determinante no seu quotidiano profissional. Como explica Christian Wildhagen no texto que acompanha o booklet desta edição, a percepção que podemos ter da dimensão da música de Mahler ganha quando a escutamos no seu todo, sinfonia após sinfonia, ciclo após ciclo. O “profeta do pluralismo na música”, como descreve Mahler, conhece assim um retrato que sublinha essa mesma noção de plural, nesta selecção que envolve, entre outros, maestros como Bernard Haitink, Leonard Bernstein, Herbert Von Karajan, Seiji Ozawa, Claudio Abbado, Georg Solti, Pierre Boulez ou Giuseppe Sinopoli, orquestras como a Filarmónica de Viena, a Concertgebouw Orchestra, a Chicago Symphony Orchestra ou a Filarmónica de Berlim e vozes como Ileana Cotrubas, Maureen Forrester, Anne Sofie Von Otter ou Thomas Quasthoff.