segunda-feira, julho 05, 2010

Em conversa: Scissor Sisters (1)


Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com Jake Shears, dos Scissor Sisters, a propósito da edição do seu terceiro álbum, Night Work, e que serviu de base ao artigo ‘Como Vencer Uma Crise Criativa’ publicado na edição de 26 de Junho do DN Gente.

Estiveram algum tempo fora dos focos das atenções. Como se adaptaram a essa nova vida depois da etapa intensa que viveram entre os dois primeiros álbuns, com extensas digressões ligadas a cada um?
Foi difícil. Durante um tempo foi difícil estar em pausa. Quería poder continuar, mas foi bom esperar até ter um bom disco. Leva algum tempo a encontrar um caminho... É difícil sair desse ritmo, de facto, mas sinto que hoje já estou novamente com os pés no chão. E pronto para regressar à estrada.

Stuart Price é uma presença importante neste novo disco. Porque o procuraram?
Conhecemos o Stuart Price há mesmo muito tempo. De resto, os Zoot Woman foram uma das primeiras bandas com quem andámos na estrada. E isso logo no início da nossa carreira. Aqui há cerca de um ano entrei numa espécie de crise criativa. Fizémos montes de canções. Tinhamos mais que um álbum de canções... Mas eu não gostava do que ali tínhamos. E de certa maneira sabia que tinha de começar de novo. Ou seja, se editássemos o que tinhamos eu sabia que iria correr bem, que seria um bom disco. Mas não era o que queria... E hoje estaria a lamentar essa decisão. Havia algumas canções mesmo boas... Mas uma manhã acordei e decidi partir para Berlim...

Porquê Berlim?
É uma cidade incrível... Adoro Berlim... A banda achou que a decisão de ir era uma loucura. O meu namorado perguntou-me se eu sabia o que estava a fazer. Mas todos me deram apoio... Apareci em Berlim com apenas uma mala e nada mais... passei um tempo incrível. Saí muitas vezes, fiz um montão de novos amigos. Diverti-me. Festa e festa...

E encontrou um rumo nesse ambiente de festa?
Conheço bem a cidade, vou lá desde os meus 20 anos. E foi ali que me lembrei de telefonar ao Stuart. Ao contrário dos álbuns anteriores, desta vez queríamos trabalhar com um produtor, e ele era a escolha. Telefonei-lhe... E foi ele quem disse que largaria tudo o que estivesse a fazer para gravar um disco connosco... E desde logo soube que seria perfeito. Ele e o Babydaddy voaram logo para Berlim, onde passámos um fim de semana juntos. E duas semanas depois estávamos a gravar o disco. Foi mesmo mágico... Passámos mesmo bons momentos a fazer este disco. Rimo-nos, divertimo-nos, naturalmente houve alguns momentos mais difíceis. Mas gostámos de trabalhar com ele. Acho que ele é um génio...

Sentiam que não podiam fazer um terceiro disco segundo as mesmas referências e ambientes que os dois primeiros?
Acho que nos desafiámos, uns aos outros, a levar o som adiante, aceitando desafios, tentando não nos repetir. É muito nós. É o primeiro disco que fazemos que sinto que somos mesmo nós.

Há momentos em que se aproximam, como nunca o tinham feito em álbum, com uma relação com as electrónicas e a música de dança como em tempos haviam revelado em Electrobix, o vosso primeiro single…
Voltei a ouvir alguma música, a sair à noite. Queria fazer um disco que reflecetisse isso.
(continua)