Madagascar, Carnet de Voyage, de Bastien Dubois, não é, em boa verdade, um filme de narrativa muito brilhante. Mas é um facto que por ele passa um sentimento muito forte (e também muito típico) dos tempos criativos que vivemos. Dito de outro modo: os múltiplos registos de animação que integra -- desenho tradicional, aguarela, manipulação de texturas, combinação de elementos gráficos e fotográficos, ligação entre o ecrã e a materialidade do livro, etc. -- são a prova real das potencialidades de uma paisagem criativa em que todas as tradições se cruzam com a nova versatilidade do digital. Não será um dos grandes filmes do CURTAS 2010 mas é, seguramente, um dos simbolicamente mais reveladores.