Com o violoncelista francês Jean-Guihen Queyras como denominador comum, um mesmo disco lança três olhares sobre compositores do nosso tempo, juntando três obras do século XXI. Com longa relação profissional com o Ensemble Intercontemporain, Queyras é, além de violoncelista, professor de música em Estugarda e um dos directores artísticos dos Racontres Musicales de Haute-Provence. Nos últimos anos, para a Harmonia Mundi, tem assinado uma obra invulgarmente versátil, abarcando gravações de peças de compositores como Dvorák, Debussy, Britten ou Haydn.
21st Century Cello Concertos (ed. Harmonia Mundi) apresenta, em concreto, obras recentes de Bruno Mantovani, Philippe Schoeller e Gilbert Amy. Datado de 2003, o Concerto para Violoncelo e Orquestra de Mantovani (n. 1974) foi expressamente composto a pensar no violoncelista que é assim o protagonista desta edição. O compositor sublinha, em entrevista no booklet, a versatilidade interpretativa de Queyras, que descreve como “um dos poucos interpretes que alcançam a mesma elegância em repertórios clássicos, românticos ou contemporâneos”. Estreada em 2005, The Eyes Of The Wind, de Schoeller (n. 1957), é também uma obra dedicada ao viloncelista, cuja atitude interpretativa o compositor descreve como “serena e poderosa”, nela procurando elementos de contraste numa peça que procura ainda escutar os caminhos que o silêncio pode representar na música do presente. A fechar o alinhamento escuta-se o Concerto para violoncelo e orquestra de Amy (n. 1935). A peça, dedicada a Toru Takemitsu, foi estreada em Tóquio em Dezembro de 2000, com Queyras como solista.
PS. Apesar do "tom" moderno da imagem que abre este post em que se fala de música do século XXI, a foto mostra o violoncelista Jean-Guihen Queyras num palco criado para a apresentação de uma série de peças de Bach, no âmbito do Festival de Manchester.