
Em todo o caso, talvez a moral seja outra. Que é como quem diz: cada vez mais, o universo do futebol protagoniza ou favorece a proliferação de uma visão niilista do presente. Porque o paradoxo é este: não há como o futebol para fazer circular discursos de pureza social (o trabalho, o trabalho...) e solidariedade humana (o grupo, o grupo...); ao mesmo tempo, esse é o mesmo futebol que, todos os dias, nos confronta com a chaga humana, demasiado humana, da vergonha.
Sobra ainda outra versão possível desta nossa tragédia colectiva, porque colectivamente vivida: até que ponto os protagonistas do futebol têm consciência do seu papel social e do seu imenso poder simbólico?