Esta é a manchete de hoje do jornal L'Équipe. Assunto: os insultos do jogador francês Nicolas Anelka contra o seu seleccionador, Raymond Domenech, no intervalo do França-México. Será talvez, inevitável mostrar alguma surpresa face à opção de um jornal que ocupa um lugar ímpar na mais nobre tradição do jornalismo desportivo — dessa surpresa se dá conta, nomeadamente, o Le Monde, evocando paralelismos com os tablóides ingleses (e não só, hélas!).
Em todo o caso, talvez a moral seja outra. Que é como quem diz: cada vez mais, o universo do futebol protagoniza ou favorece a proliferação de uma visão niilista do presente. Porque o paradoxo é este: não há como o futebol para fazer circular discursos de pureza social (o trabalho, o trabalho...) e solidariedade humana (o grupo, o grupo...); ao mesmo tempo, esse é o mesmo futebol que, todos os dias, nos confronta com a chaga humana, demasiado humana, da vergonha.
Sobra ainda outra versão possível desta nossa tragédia colectiva, porque colectivamente vivida: até que ponto os protagonistas do futebol têm consciência do seu papel social e do seu imenso poder simbólico?
Em todo o caso, talvez a moral seja outra. Que é como quem diz: cada vez mais, o universo do futebol protagoniza ou favorece a proliferação de uma visão niilista do presente. Porque o paradoxo é este: não há como o futebol para fazer circular discursos de pureza social (o trabalho, o trabalho...) e solidariedade humana (o grupo, o grupo...); ao mesmo tempo, esse é o mesmo futebol que, todos os dias, nos confronta com a chaga humana, demasiado humana, da vergonha.
Sobra ainda outra versão possível desta nossa tragédia colectiva, porque colectivamente vivida: até que ponto os protagonistas do futebol têm consciência do seu papel social e do seu imenso poder simbólico?