A política das continuações e sequelas transformou-se na face medonha de Hollywood: agora, é a vez de Sexo e a Cidade 2 — este texto foi publicado no Diário de Notícias (2 de Junho), com o título 'O marketing da condição feminina'.
Que um quarteto de personagens femininas mais ou menos histéricas, debitando lugares-comuns da imprensa cor de rosa sobre sexo, casamento e família, tenha sido consagrado como símbolo das delícias do “pós-feminismo”, eis um sintoma esclarecedor da vertente mais deprimente do nosso imaginário televisivo. Para agravar a tristeza de tudo isso, o cinema tem-se encarregado de prolongar a pequenez mental do universo de Sexo e a Cidade, agora com uma “parte 2” que comete a proeza de desafiar, no seu próprio terreno, a mediocridade do primeiro.
Algumas formas do marketing de Hollywood (e também as vertentes mais irresponsáveis de jornalismo) conseguem fazer crer a muito boa gente que, independentemente de tudo o resto, filmes como Sexo e a Cidade 2 são sempre gloriosos fenómenos de bilheteira. Curiosamente, os 45 milhões de dólares acumulados na semana de estreia nos EUA definem uma performance confrangedora, sobretudo se recordarmos que os custos de produção ascenderam a 100 milhões (sendo normal gastar-se outro tanto na promoção).
Claro que Sexo e a Cidade 2 podia gerar um gigantesco êxito financeiro, sem que isso o impedisse de ser um filme interessantíssimo. O certo é que este é um cinema que já não se pauta por nenhum valor... cinematográfico. O que aqui triunfa é um conceito meramente tecnocrático da produção, cujo único objectivo consiste em manter a ilusão de que se toca em algo importante (a “condição feminina”) através de uma grande abertura de espírito (a “comédia”). Em boa verdade, qualquer cena de uma comédia romântica de George Cukor possui mais imaginação cinematográfica, e muito maior contundência crítica. Os clássicos são os verdadeiros modernos.
Que um quarteto de personagens femininas mais ou menos histéricas, debitando lugares-comuns da imprensa cor de rosa sobre sexo, casamento e família, tenha sido consagrado como símbolo das delícias do “pós-feminismo”, eis um sintoma esclarecedor da vertente mais deprimente do nosso imaginário televisivo. Para agravar a tristeza de tudo isso, o cinema tem-se encarregado de prolongar a pequenez mental do universo de Sexo e a Cidade, agora com uma “parte 2” que comete a proeza de desafiar, no seu próprio terreno, a mediocridade do primeiro.
Algumas formas do marketing de Hollywood (e também as vertentes mais irresponsáveis de jornalismo) conseguem fazer crer a muito boa gente que, independentemente de tudo o resto, filmes como Sexo e a Cidade 2 são sempre gloriosos fenómenos de bilheteira. Curiosamente, os 45 milhões de dólares acumulados na semana de estreia nos EUA definem uma performance confrangedora, sobretudo se recordarmos que os custos de produção ascenderam a 100 milhões (sendo normal gastar-se outro tanto na promoção).
Claro que Sexo e a Cidade 2 podia gerar um gigantesco êxito financeiro, sem que isso o impedisse de ser um filme interessantíssimo. O certo é que este é um cinema que já não se pauta por nenhum valor... cinematográfico. O que aqui triunfa é um conceito meramente tecnocrático da produção, cujo único objectivo consiste em manter a ilusão de que se toca em algo importante (a “condição feminina”) através de uma grande abertura de espírito (a “comédia”). Em boa verdade, qualquer cena de uma comédia romântica de George Cukor possui mais imaginação cinematográfica, e muito maior contundência crítica. Os clássicos são os verdadeiros modernos.