O Festival Eurovisão da Canção (Oslo, 29 de Maio) prosseguiu o seu assassinato simbólico de qualquer ideia de "Europa"... sempre em nome de um ecumenismo grosseiro — este texto foi publicado no Diário de Notícias (4 de Junho).
Que o Festival Eurovisão da Canção (RTP1) se tenha transformado numa montra de muitas e arrepiantes mediocridades musicais, eis o que, depois de décadas de decadência, já não consegue provocar um débil sobressalto de surpresa. Nem sequer precisamos de ser demasiado nostálgicos para reconhecer que, noutros tempos, tanto em Portugal como no contexto europeu, o festival sabia e conseguia integrar componentes genuinamente populares. Em todo o caso, vale a pena dizer alguma coisa sobre a celebração televisiva que o enquadra e, em particular, sobre a demagogia “ecuménica” e “comunitária” que, ideologicamente, o sustenta.
Numa altura em que tanto se discute a identidade europeia e, em particular, as vias para construir e cimentar laços entre os povos europeus, é espantoso que o espaço mediático (a começar, obviamente, pelas televisões) não lide com a pergunta central que o certame desencadeia. A saber: que Europa é esta que se satisfaz com a sua própria degradação artística, ao mesmo tempo que fabrica eventos em que os nobres valores do espectáculo são confundidos com uma parada de imagens estereotipadas e discursos pitorescos?
Mais uma vez, os telejornais perderam uma excelente oportunidade de fazer perguntas pertinentes aos nossos políticos. De facto, não basta correr atrás de ministros e deputados, brandindo câmaras e microfones... Valeria a pena propor um momento de serenidade e perguntar apenas: “Como político, reconhece-se na Europa que se celebra no Festival da Eurovisão?”.
Que o Festival Eurovisão da Canção (RTP1) se tenha transformado numa montra de muitas e arrepiantes mediocridades musicais, eis o que, depois de décadas de decadência, já não consegue provocar um débil sobressalto de surpresa. Nem sequer precisamos de ser demasiado nostálgicos para reconhecer que, noutros tempos, tanto em Portugal como no contexto europeu, o festival sabia e conseguia integrar componentes genuinamente populares. Em todo o caso, vale a pena dizer alguma coisa sobre a celebração televisiva que o enquadra e, em particular, sobre a demagogia “ecuménica” e “comunitária” que, ideologicamente, o sustenta.
Numa altura em que tanto se discute a identidade europeia e, em particular, as vias para construir e cimentar laços entre os povos europeus, é espantoso que o espaço mediático (a começar, obviamente, pelas televisões) não lide com a pergunta central que o certame desencadeia. A saber: que Europa é esta que se satisfaz com a sua própria degradação artística, ao mesmo tempo que fabrica eventos em que os nobres valores do espectáculo são confundidos com uma parada de imagens estereotipadas e discursos pitorescos?
Mais uma vez, os telejornais perderam uma excelente oportunidade de fazer perguntas pertinentes aos nossos políticos. De facto, não basta correr atrás de ministros e deputados, brandindo câmaras e microfones... Valeria a pena propor um momento de serenidade e perguntar apenas: “Como político, reconhece-se na Europa que se celebra no Festival da Eurovisão?”.