Feromona“Desoliúde”
Amor Fúria / Mbari
3 / 5
O (algo discreto) álbum de estreia, Uma Vida a Direito, já lançava algumas promessas. Utilizando as potencialidades da comunicação online, resolveram a dada altura oferecer o alinhamento por download, garantindo ao disco um tempo de vida maios longo e, às canções, um outro patamar de exposição. Ao chegar de um segundo álbum o nome Feromona não mora já no baú dos que temos de descobrir, mas está entre aqueles de quem se começa a falar… E muito se tem falado dos anos 90 e da assimilação do rock alternativo de então quando se chama à berlinda o seu novo disco. Uma canção com o título A Courtney Love torna ainda mais visíveis marcas que habitam entre as novas canções, no trabalho das guitarras, na sua relação com arquitectura dos ritmos. Mas o segundo álbum do trio lisboeta não se esgota nessa ideia de recuperação dos noventas. Tão (ou mesmo mais) marcante que essa exposição, afinal natural assinatura geracional de quem nos noventas terá vivido importantes etapas de descoberta e formação de um gosto, Desoliúde firma uma atitude que vive e comenta o presente que acontece ao seu redor sem chorar neuras a cada canto, usando ferramentas várias, entre elas o lirismo, mas também o sarcasmo, explorando a língua como um dos destinos principais desta demanda em busca uma personalidade conjunta (como banda, entenda-se). Aceitam-se heranças de Jorge Palma aos Ornatos Violeta. E revela-se um alinhamento que, mesmo com alma e coração numa ideia rock alternativa, sabe por vezes olhar mais longe… As promessas lançadas no primeiro álbum começam a cumprir-se.