Uma das velhas regras romanescas, eventualmente românticas, pode condensar-se na expressão clássica: "boy-meets-girl" — é uma promessa de ficção e, mais do que isso, a possibilidade de advento de um novo mundo. Nothing Personal, produção Irlanda/Holanda, escrita e realizada pela holandesa Urszula Antoniak, apresenta-se como uma peculiar variação sobre essa regra: porque ela (Lotte Verbeek) não quer encontrar ninguém e ele (Stephen Rea) não quer ser encontrado...
Os Pet Shop Boys já cantaram tudo isto de forma exemplar, e exemplarmente irónica: I Don't Know What You Want But I Can't Give It Anymore. Em todo o caso, a musicalidade interior de Nothing Personal nasce, antes do mais, de um invulgar trabalho formal com as paisagens irlandesas [ver trailer]: através da sua presença, sentimos e pressentimos o labirinto de afectos em que dois seres se encontram, perdendo-se, vivem lidando com a proximidade da morte. Na sua singeleza e depuração, eis um filme que nos ajuda a resistir ao naturalismo agressivo das televisões, mesmo que isso seja mais um factor de solidão.
Os Pet Shop Boys já cantaram tudo isto de forma exemplar, e exemplarmente irónica: I Don't Know What You Want But I Can't Give It Anymore. Em todo o caso, a musicalidade interior de Nothing Personal nasce, antes do mais, de um invulgar trabalho formal com as paisagens irlandesas [ver trailer]: através da sua presença, sentimos e pressentimos o labirinto de afectos em que dois seres se encontram, perdendo-se, vivem lidando com a proximidade da morte. Na sua singeleza e depuração, eis um filme que nos ajuda a resistir ao naturalismo agressivo das televisões, mesmo que isso seja mais um factor de solidão.