segunda-feira, junho 21, 2010

"Eu Sou o Amor": três hipóteses (2)

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O filme Eu Sou o Amor, de Luca Guadagnino, tenderá a ser visto e admirado, sobretudo, pelo seu ostensivo "formalismo" — entenda-se: ostensivo, exuberante, fascinante... Como contraponto, vale a pena sublinhar que nada disso é estranho (bem pelo contrário) a uma vontade de retorno a uma dimensão singularmente descritiva das paixões humanas. Daí a nossa hipótese psicológica: trata-se de refazer o retrato da condição humana sem menosprezar a carga de desumano artifício que o cinema pode conter. Mais ainda: filmando os actores para além da lógica televisiva dos talking heads em que o rosto é tratado como uma janela "aberta" e "transparente". Por vezes, a ocultação pode envolver uma forma visceral de revelação. Ou ainda: as telenovelas matam.