Aos 33 anos o russo Vasily Petrenko é um maestro em tempo de clara afirmação. Não apenas no Reino Unido onde, além de chefiar a Royal Liverpool Philarmonic Orchestra (RLPO) é também o maestro principal da National Youth Orchestra of Great Britain, como no mundo, que o começa a descobrir sobretudo através de uma discografia que, nos últimos tempos tem apresentado alguns títulos notáveis. Mais um exemplo chega no seu novo disco com a orquestra de Liverpool (que é o espaço central de todo o seu trabalho no presente), num alinhamento integralmente dedicado a Rachmaninov.
O novo disco, que Petrenko agora apresenta na editora da própria RLPO, junta três obras para orquestra que traduzem três etapas distintas na vida de Rachmaninov (1873-1943). De 1893, o poema sinfónico O Rochedo (inspirado por um conto de Tchekov) revelava o talento de um grande orquestrador, tendo conhecido entusiasmados elogios de Tchaikovsky. Igualmente sombrio é o percusro que toma a música em A Ilha dos Mortos, de 1906, uma reflexão que partiu do quadro com o mesmo título de Böcklin para, mais que o descrever, dele partir para uma adaptação onde não faltam elementos característicos da sua identidade. Obra já tardia na sua carreira, as Danças Sinfónicas surgiram na alvorada dos anos 40 com o palco e uma coreografia por destino. Este conjunto de três peças representa inclusivamente a sua última obra (estreada em Janeiro de 1941), revelando uma música que, consciente da etapa de vida que entretanto o levara para os EUA, traduzia ao mesmo tempo ecos de memórias russas. Uma das careacterísticas mais destacadas do trabalho de Petrenko com a RLPO tem sido a revitalização de repertório da orquestra em várias frentes, uma das quais a música russa (um disco com sinfonias de Shostakovich, editado pela Naxos em 2009, foi um dos mais elogiados do ano passado). Este novo disco é mais um claro exemplo desse alargar de horizontes da orquestra, numa gravação que traduz uma abordagem expressiva da música de Rachmaninov e revela um incrível sentido de espaço.