Chew Lips
“Unicorn”
Family Records
2 / 5
Como os singles por vezes enganam! Durante meses os Chew Lips, um trio londrino com história que remonta a 2008, foram lançando promissores cartões de visita no formato de single. Foram eles Solo e Salt Air, ambos em 2009 e via Kitsuné. E, mais recentemente, Play Together, este anunciando já este ano a edição de um álbum. Agora chega Unicorn, disco que deixa claro que nem todas as promessas se concretizam. E quem via nos Chew Lips um nome a juntar a uma nova geração de figuras que, em solo britânico, reinventavam uma pop feita de electrónicas para vozes femininas (departamento La Roux e Little Boots), pode aqui encontrar sinais de que ou há muito trabalho pela frente ou, simplesmente, não há argumentos para ir mais longe (o que acontece, e muitas vezes!). O grande problema de Unicorn é o que parece ser uma preocupação em juntar ingredientes a mais a uma ideia que, à partida, parecia satisfeita num encontro entre referências datadas da pop electrónica primordial mas em contexto ciente das formas de produção (e das estruturas ritmicas) de um presente que toma como incontornável a figura tutelar de uns LCD Soundsystem. As guitarras (em nada surpreendente piscar de olho a heranças pós-punk) e as tentativas de construção de telas com arranjos mais sofisticadas são assim angulosas pedras num sapato que, talhado à medida de temas de pop electrónica simples e directa, deixa o pé a coxear. Em temas como Eight, Seven ou Play Together as electrónicas e a voz de Tigs (que por vezes lembra a de Karen O) captam as promessas lançadas a 45 rotações. Mas, convenhamos, três temas num alinhamento de dez não salvam um álbum.