Jónsi
"Go"
Parlophone / EMI Music
4 / 5
Os islandeses Sigur Rós (apesar da carreira iniciada ainda nos noventas) foram um dos nomes mais marcantes e inventivos em cenário pop/rock – e espaços em redor – revelados pelos anos zero. Contudo, e como o seu mais recente (e sublinhe-se, algo inconsequente) disco o sugeria, aproximavam-se de um beco sem aparente saída… A resposta chegou entretanto pelas mãos do vocalista Jónsi Birgisson, primeiro numa aventura essencialmente instrumental assinada em parceria com Alex Somers (no álbum/instalação editado como Riceboy Sleeps). Agora, a solo (mas na verdade contando com a preciosa colaboração nos arranjos e na própria gravação do compositor norte-americano Nico Muhly), leva ainda mais adiante o desafio de experimentar ideias além do terreno que definiu a sua obra nos Sigur Rós. A sua voz demarca logo à partida uma clara identidade, mas o alargar das potencialidades garantido pela mais vasta paleta de instrumentos, pela abertura de horziontes nas próprias formas abordadas e, vinque-se novamente, a visão de Muhly (que brilhara já em 2009 nos arranjos para os Grizzly Bear em Veckatimest), faz de Go um momento de renascimento que mostra uma vez mais como é nas terras de ninguém, junto às fronteiras da pop, que a música “popular” mais interessante deste momento está a acontecer.
PS. Este texto é uma versão editada de um outro publicado na edição de 24 de Abril da revista NS.