quarta-feira, abril 28, 2010
IndieLisboa, 28 de Abril
O IndieLisboa apresenta hoje, em primeira passagem (Culturgest, 21.30, repete dia 30, às 21.45 na mesma sala) a única longa-metragem de ficção de produção nacional em competição. Trata-se de Guerra Civil, o filme que representa a estreia de Pedro Caldas na realização de uma longa. As imagens levam-nos ao Verão de 1982, a uma praia a Sul e em concreto a um espaço familiar onde comunicar não é o verbo mais vezes conjugado. No centro da acção está Rui (interpretado num registo convincente por Francisco Belard) que tem exames pela frente e por isso passa mais tempo em casa que ao ar livre. Mas a música (sobretudo a dos Joy Division que escuta na rádio, no Som da Frente de António Sérgio) chama mais a sua atenção. Assim como os desenhos que faz e guarda em segredo, projecções de um mundo interior no qual vive permanentemente mergulhado. Rui não parece partilhar o entusiasmo luminoso qua faz o dia a dia do verão dos outros que o rodeiam. Segue o seu caminho, alheado, solitário, calado e só Joana (Maria Leite), uma amiga que ali está também a passar férias parece conseguir tirá-lo do seu estado habitual... O filme observa os factos e personagens quer pelos pontos de vista de Rui quer pelos da sua mãe, a realidade de ambos sendo somada na narrativa que se conta para nos garantir um plano geral do que acontece. Uma boa estreia para Pedro Caldas numa realização que sabe juntar um olhar contemplativo a um seguro desejo de contar uma história (tendo na música mais que apenas um mero marco de época, mas também um importante complemento à caracterização das personagens).