Morreu um dos génios da história da narrativa cinematográfica — Dede Allen, responsável pela montagem de filmes como Bonnie e Clyde (1967), de Arthur Penn, Um Dia de Cão (1975), de Sidney Lumet, e Reds (1981), de Warren Beatty, faleceu na sua casa de Los Angeles, contava 86 anos.
Depois de alguns anos como assistente de montagem nos estúdios da Columbia, teve a sua primeira grande oportunidade com Homens no Escuro/Odds Against Tomorrow (1959), de Robert Wise — além do mais, era uma colaboração que estabelecia uma ponte simbólica com o arranque da modernidade em Hollywood, já que Wise colaborara com Orson Welles na montagem de O Mundo a Seus Pés/Citizen Kane (1941). Depois, trabalharia em dois títulos marcantes do começo da década de 60: A Vida É um Jogo/The Hustler (1961), de Robert Rossen, e América, América (1963), de Elia Kazan.
Bonnie e Clyde define uma ruptura essencial. Integrando algumas formas não lineares em parte colhidas nas experiências da Nouvelle Vague, sobretudo em Godard (os célebres jump cuts que quebravam os clássicos códigos de ligação entre os planos), Dede Allen assume-se como figura marcante de um novo entendimento da montagem. As colaborações com Penn e, depois, com Sidney Lumet, terão sido as mais marcantes — com o primeiro, assinou ainda a montagem de Alice's Restaurant (1969), O Pequeno Grande Homem/Little Big Man (1970), Um Lance no Escuro/Night Moves (1975) e Duelo no Missouri/The Missouri Breaks (1976); com o segundo, trabalhou em Serpico (1973) e Um Dia de Cão/Dog Day Afternoon (1975)
Com os seus elaborados contrastes entre a "lentidão" dos momentos de expectativa e a "velocidade" das sequências de vertiginosa acção física, Um Dia de Cão valeu-lhe a sua primeira nomeação para os Oscars. O prodigioso trabalho em Reds (1981), em colaboração com Craig McKay, é revelador do alcance da arte de Dede Allen: não apenas novos conceitos para a construção interna das cenas, mas toda uma reinvenção das matrizes rítmicas e dramáticas herdadas do romanesco clássico — em baixo, podemos rever a notável construção da cena, próximo do final, do reencontro de Louise Bryant (Diane Keaton) e John Reed (Warren Beatty). Reds trouxe-lhe a segunda nomeação para os Oscars e Prodígios/Wonder Boys (2000), de Curtis Hanson, a terceira — nunca ganhou.
>>> Obituário no Los Angeles Times.
>>> Motion Pictures Editors Guild: homenagem a Dede Allen (2007).
Depois de alguns anos como assistente de montagem nos estúdios da Columbia, teve a sua primeira grande oportunidade com Homens no Escuro/Odds Against Tomorrow (1959), de Robert Wise — além do mais, era uma colaboração que estabelecia uma ponte simbólica com o arranque da modernidade em Hollywood, já que Wise colaborara com Orson Welles na montagem de O Mundo a Seus Pés/Citizen Kane (1941). Depois, trabalharia em dois títulos marcantes do começo da década de 60: A Vida É um Jogo/The Hustler (1961), de Robert Rossen, e América, América (1963), de Elia Kazan.
Bonnie e Clyde define uma ruptura essencial. Integrando algumas formas não lineares em parte colhidas nas experiências da Nouvelle Vague, sobretudo em Godard (os célebres jump cuts que quebravam os clássicos códigos de ligação entre os planos), Dede Allen assume-se como figura marcante de um novo entendimento da montagem. As colaborações com Penn e, depois, com Sidney Lumet, terão sido as mais marcantes — com o primeiro, assinou ainda a montagem de Alice's Restaurant (1969), O Pequeno Grande Homem/Little Big Man (1970), Um Lance no Escuro/Night Moves (1975) e Duelo no Missouri/The Missouri Breaks (1976); com o segundo, trabalhou em Serpico (1973) e Um Dia de Cão/Dog Day Afternoon (1975)
Com os seus elaborados contrastes entre a "lentidão" dos momentos de expectativa e a "velocidade" das sequências de vertiginosa acção física, Um Dia de Cão valeu-lhe a sua primeira nomeação para os Oscars. O prodigioso trabalho em Reds (1981), em colaboração com Craig McKay, é revelador do alcance da arte de Dede Allen: não apenas novos conceitos para a construção interna das cenas, mas toda uma reinvenção das matrizes rítmicas e dramáticas herdadas do romanesco clássico — em baixo, podemos rever a notável construção da cena, próximo do final, do reencontro de Louise Bryant (Diane Keaton) e John Reed (Warren Beatty). Reds trouxe-lhe a segunda nomeação para os Oscars e Prodígios/Wonder Boys (2000), de Curtis Hanson, a terceira — nunca ganhou.
>>> Obituário no Los Angeles Times.
>>> Motion Pictures Editors Guild: homenagem a Dede Allen (2007).