Foi uma das primeiras óperas de Philip Glass, mas só agora conhece edição em disco. Composta em 1980 (o mesmo ano em que era estreada a segunda ópera-retrato Satyagraha), A Madrigal Opera foi a primeira ópera de câmara de Glass e uma das que mais proximidade revela para com os fundamentos da linguagem minimalista que havia conduzido a sua música até então. Distante do lirismo que tomaria protagonismo em Akhnathen pouco tempo depois (e que começara já a aflorar em Satyaagraha) esta é uma ópera de forma aberta, na verdade não implicando uma narrativa em concreto.
Escrita para seis vozes, violino e viola, a ópera é, como descreve Richard Guerin no booklet, uma obra “abstracta de teatro musical desenhada para ser completada por vários futuros” encenadores e directores artísticos. Como explicou o próprio compositor no livro Music By Philip Glass, a ideia central por detrás da concepção de A Madrigal Opera surge um conceito atento à relação da dança com a música, cada coreógrafo adaptando as obras que usam como “banda sonora” para as suas necessidades dramáticas. Assim sendo, a ópera pode convocar um texto (e consequentemente um autor) a cada nova produção que eventualmente seja montada. A versão em disco, que acaba de ser lançada pela Orange Mountain Music (a etiqueta do próprio Philip Glass) é assim o retrato áudio de uma produção recente, levada a cena em Helsínquia, na Finlândia, em 2002, com a Opera Skala, sob direcção de Jari Hiekkapelto.