Qual a relação directa (ou indirecta) entre os valores específicos de um filme e os seus milhões de dólares? Nenhuma. E, no entanto, vale a pena conhecer a vida económica do cinema — este texto foi publicado no Diário de Notícias (13 de Março), com o título 'Alice em números'.O filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, estreou-se nas salas dos EUA acumulando, no primeiro fim de semana, 116 milhões de dólares. É um valor que o coloca no sexto lugar do top dos fins de semana de lançamento, correspondendo ao recorde absoluto do mês de Março. Perguntará o leitor: o que é que isso tem a ver com as qualidades específicas do trabalho de Burton? A resposta é simples: nada.
Mas importa questionar, uma vez mais, a facilidade de algum jornalismo (sobretudo de raiz televisiva) que faz grande alarido com os números... apenas de alguns filmes. Aconteceu, recentemente, com Avatar; não está a acontecer com Alice no País das Maravilhas. Dir-se-ia que, neste campo, as informações decorrem de fenómenos de mera histeria mediática. Ora, nenhum filme é melhor ou pior pelo muito (ou pouco) dinheiro que custou ou pode render. Mas se queremos compreender um pouco melhor a dinâmica de qualquer contexto de produção, é fundamental considerar os respectivos números na sua máxima diversidade, não como “bandeiras” a favor de uns filmes e contra outros.
PS - Entretanto, na sua segunda semana de exibição, Alice no País das Maravilhas voltou a ser o líder de mercado nos EUA, com uma receita acumulada de 208 milhões de dólares — é, para já, o maior sucesso comercial de 2010 (Avatar, com 730 milhões, pertence ao calendário de estreias de 2009).
PS - Entretanto, na sua segunda semana de exibição, Alice no País das Maravilhas voltou a ser o líder de mercado nos EUA, com uma receita acumulada de 208 milhões de dólares — é, para já, o maior sucesso comercial de 2010 (Avatar, com 730 milhões, pertence ao calendário de estreias de 2009).