Com destaque no alinhamento (e na própria capa, cujo grafismo explora a forma da boca de um canhão), a Abertura 1812 é a mais recente das obras aqui recordadas, tendo nascido em 1880 pensada para a inauguração de uma nova catedral em Moscovo. Evocando a derrota de Napoleão na campanha da Rússia, em 1812, é uma peça com evidente programa narrativo e claro fulgor patriota. A música integra citações várias, da Marselhesa a cânticos russos, usando ainda a própria orquestra em favor de uma ideia cénica no clímax da evocação deste episódio de guerra na história russa. As demais obras aqui registadas sublinham a relação de Tchaikovsky com a sua identidade russa (e também uma admiração maior pelo czar Alexandre III, que por sua vez tinha em si o seu compoistor preferido). Entre as obras que Gergiev seleccionou para este disco conta-se, de resto, um hino criado para assinalar o noivado do futuro czar, em 1866 e a marcha da sua coroação, de 1883. O grande momento deste conjunto de gravações revela-se contudo na grandiosa Cantata Moscovo (também de 1883), que sublinha as qualidades da escrita vocal, com acompanhamento por orquestra, de Tchaikovsky, aqui numa soberba interpretação.
domingo, março 21, 2010
Tchaikovsky, segundo Gergiev
Sob direcção de Valery Gergiev, a orquestra do Teatro Mariinsky (que actuou em Lisboa há cerca de uma no, no Coliseu dos Recreios) tem vindo a desenvolver um plano de edições em nome próprio, juntando-se a outras orquestras que, como a de Chicago ou a London Symphony Orchestra, respondem hoje, discograficamente falando, através de edições de autor em etiquetas próprias. O mais recente título editado pela parceria Gergiev/Mariinsky junta uma série de obras de Tchaikovsky, encontrando como denominador comum o facto de terem nascido, todas elas, de encomendas ao compositor para estreias em datas e locais específicos.