GUSTAVE COURBET
Bonjour Monsieur Courbet
1854
Bonjour Monsieur Courbet
1854
Como vivemos, hoje em dia, a política no espaço público?
E como a pensamos?
Ou como, politicamente, nos pensamos?
Ou seja, e antes de tudo isso, o que é o espaço público?
O espaço público é a televisão — plural: televisões —, com o seu sistema de linguagens e valores de comunicação.
Na televisão, a política define-se por um fluxo mais ou menos estabilizado: discurso + entrevista + debate.
Na prática, isso é vivido — entenda-se: emitido — como uma serpente que morde a cauda: qualquer um desses eventos pode gerar qualquer um dos outros. Aliás, no limite: qualquer um desses eventos é emitido apenas para dar lugar ao seguinte.
Na prática, o espaço público já não é um espaço (nem mesmo meramente virtual) e vive do simulacro da sua condição pública: a única coisa que conta é a produção de uma ilusão de passagem de uma mensagem para outra.
Que passa nessa passagem? Em boa verdade, nada. A televisão substituiu o pensamento pela produção de acontecimentos de passagem, desprovidos de motivação, entregues ao êxtase de se ligarem, e corresponderem, por uma lei "natural", idealmente inquestionável.
A televisão apresenta-nos a política como um sistema de passagem de um nível para outro — literalmente, um jogo de video.