domingo, março 14, 2010

Política made in Portugal

RENÉ MAGRITTE
A Máscara Vazia
1928

A. O triunfo da frivolidade mediática da política — que é também a banalização política dos media — já se pôde verificar com eventos promovidos pelos mais diversos partidos. Não é, portanto, uma qualquer questão ideológica que está em jogo. Em todo o caso, o balanço televisivo do congresso do PSD tem qualquer coisa de profundamente perturbante, para não dizer assustador.

B. As televisões insistem em celebrar o anedótico e o pitoresco: um congresso que vai durar dois dias, mas pode ser só um; uma personalidade que pode aparecer, mas não se sabe onde está; alguém que diz uma coisa quando quer dizer outra... O certo é que se instalou uma espécie de adequação perversa a tal dispositivo de (des)informação. Como? Dir-se-ia que as própria entidades políticas se esforçam por encaixar nessa matriz burlesca que as televisões lhes oferecem como uma montra festiva, sempre bem disposta, militantemente empenhada em que não haja tempo humano para pensar seja o que for.

C. O mais extraordinário é que este espectáculo de generalizada infantilização seja vivido como lídima expressão das virtudes democráticas. Pelo meio, há sempre alguém que se mostra preocupado com o facto de os "jovens" não se interessarem pela política — convenhamos que é uma boa piada.