sábado, março 13, 2010

Jean Ferrat (1930 - 2010)

Símbolo da canção popular francesa mais conotada com a intervenção política, Jean Ferrat faleceu hoje no hospital de Aubenas, na região de Ardèche, onde residia — contava 79 anos.
Jean Ferrat — nascido Jean Tenenbaum — tinha 11 anos quando perdeu o pai, judeu emigrado da União Soviética, deportado pelos nazis para Auschwitz, onde foi morto. Na altura salvo pela resistência comunista, Ferrat será sempre um compagnon de route do Partido Comunista Francês, embora nunca se tenha inscrito como militante. Adquire notoriedade quando compõe Les Yeux d'Elsa (1956), poema de Louis Aragon, para André Claveau, celebrizando-se depois com temas como Ma Môme e Deux Enfants au Soleil. Entre os seus grandes sucessos, inseparáveis das referências políticas e cinéfilas que convocam, incluem-se Nuit et Brouillard (1963), sobre os campos de concentração (tema do documentário com o mesmo título de Alain Resnais), e Potemkine (1965) [video], sobre a revolta dos marinheiros do couraçado Potemkine (na origem do clássico de Sergei Eisentein, filmado em 1925). O seu empenho político nunca foi vivido de forma seguidista, tendo mesmo composto canções claramente contra as directrizes do PCF: Camarade (1968) denunciava a invasão de Praga pelos tanques soviéticos, enquanto Bilan (1980) contestava o balanço "globalmente positivo" dos países de Leste, feito pelo secretário geral George Marchais. Com mais de duas centenas de canções de sua autoria e uma discografia de várias dezenas de títulos, publicou a sua derradeira antologia, Les Nº 1 de Jean Ferrat, em 2009.



>>> Site oficial de Jean Ferrat.