A ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero — lançou recentemente uma campanha que tem este cartaz como principal peça iconográfica. Como se escreve na respectiva apresentação, é tempo de deixar de dizer "eles" ou "elas" e de finalmente passarmos todas e todos a dizer "nós".O cartaz é tanto mais feliz e subtil quanto se distancia do discurso clássico de defesa da diferença (sexual ou de outra natureza). Não que tal defesa possa ser esquecida ou apagada por qualquer ecumenismo moralista. Acontece que, numa sociedade de liberalização simplista do conceito de indivíduo (veja-se o egoísmo "libertário" de muitas formas de publicidade, nomeadamente a telemóveis e bebidas alcoólicas), o discurso que sustenta essa diferença — qualquer diferença — não pode deixar de contemplar o seu reverso utópico. Qual? O de um modo de viver (em boa verdade, de muitos modos de viver) em que a diferença não seja um símbolo ou uma bandeira, mas um factor tendencialmente indiferente.
Daí que importe concluir, respondendo à pergunta do cartaz: "Não, não mudava nada."