Sibelius é um entre os grandes compositores nacionalistas que a música europeia conheceu na fronteira entre os século XIX e XX. E, sobretudo numa etapa em que a Finlândia estava ainda sob domínio russo, alguns dos seus primeiros poemas sinfónicos chegaram a iluminar com fulgor a alma política dos que desejavam a independência. A sua obra sinfónica, contudo, mesmo reflectindo por vezes sobre marcas da cultura e dos cenários geográficos locais, procurou essencialmente uma demanda musical. Sibelius só experimentou a sinfonia depois dos 30 anos, a primeira (de 1899) ainda revelando sinais de admiração por referências maiores, sobretudo Tchaikovsky (mas também Bruckner e Berlioz). A obra ganha fôlego de então em diante, procurando um caminho próprio, herdeiro de um sentido clássico, mas firme numa busca pessoal. A Sinfonia nº 3, por exemplo, segue caminho oposto à grandiosidade mahleriana, propondo uma orquestra mais pequena e uma linguagem menos exuberante. O tom épico da magnífica Sinfonia nº 2, as assombrações da Sinfonia nº 4 (a que chamou ‘Sinfonia Psicológica’) ou a melancolia que passa pela Sinfonia nº 6 são destinos distintos que partilham em comum uma linguagem firme e uma personalidade ímpar entre os outros grandes compositores do seu tempo.
domingo, fevereiro 28, 2010
A visão de um grande sinfonista
Um dos maiores sinfonistas do século XX, o finlandês Jean Sibelius (1865-1943) vê agora a integral da sua obra sinfónica editada numa caixa de quatro CD, em gravações ao vivo pela London Symphony Orchestra, dirigida por Sir Colin Davis. As sete sinfonias, às quais se junta Kullervo, foram já editadas em discos separados, a caixa propondo uma visão de conjunto que sublinha, perante espantosas interpretações, a visão e personalidade de um compositor que vincou a sua personalidade, mesmo perante um clima musical por vezes rumando em sentido bem diferente do seu.