segunda-feira, fevereiro 01, 2010

O perfeito filme 'indie'

Respira música pelas cenas e entre as personagens, mas não será exactamente um musical (embora não faltando uma cena de dança na rua ao jeito dos clássicos de Hollywood). Mas é certamente um dos melhores filmes dos últimos tempos, ainda sem data marcada para eventual estreia nas salas portuguesas. Revelado na edição de 2009 do Festival de Sundance, e recentemente nomeado para os Globos de Ouro, (500) Days Of Summer é o perfeito filme “indie” e uma das mais imaginativas revisões do conceito “boy meets girl” mostrando como, com imaginação e talento, ainda há visões que permitem o sabor a novo mesmo em espaços já visitados vezes sem conta pelo cinema.

(500) Days Of Summer é a história, vivida no centro de Los Angeles, de um amor que não o é na plenitude nos dois sentidos… Ele, Tom (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), é um antigo estudante de arquitectura resignado à necessidade de encontrar um emprego e, há alguns anos, sentado à secretária de uma empresa que publica greeting cards. Ela (Zooey Deschanel) entra em cena no papel de nova secretária do dono da empresa. Chama-se Summer e, na manhã em que Tom a vê pela primeira vez, estamos em pleno dia 1 desta história que se conta no intervalo de 500 dias, não necessariamente por essa ordem.

Gostam os dois da música dos Smiths… Cantam bem em sessões de karaoke (ele ao som dos Pixies, ela de Nancy Sinatra). Mas estão longe de somar muito em comum… Ele pensa que nela encontrou “a” companheira dos seus sonhos. E nem os conselhos sábios da irmã mais nova, uma adolescente de pés na terra, o demovem da ideia… Ela, Summer, é diferente. Uma diferença que se sente, por exemplo, quando diz que Ringo é o seu Beatle preferido… Ou quando pede a Tom que não os veja como um casal. Antes, como… amigos.

É em volta deste cocktail de situações que o realizador Mark Webb conduz o filme por caminhos onde a surpresa surge a cada esquina. Há um sem fim de boas ideias narrativas, de soluções visuais que juntam a animação, uma consequente (e pontual) voz off ou a construção de pequenos clips exteriores à acção mas que ajudam a caracterizar momentos e figuras em cena. E depois há uma daquelas bandas sonoras que, de Regina Spektor aos Smiths, de Feist a Simon & Garfunkel, não esquecendo os She & Him (onde milita a própria Zooey Deschanel), serve música à acção como cereja sobre delicioso bolo… Será uma pena se não estrear por cá.



Imagens do trailer de (500) Days Of Summer.