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É mais que provável que Avatar ganhe o Oscar de melhor filme (a atribuir a 7 de Março). Será a consagração de um fenómeno em que, por definição, Hollywood se reconhece: uma espectacular transformação tecnológica acompanhada de uma boa performance de mercado. Em todo o caso, seria uma pena que a felicidade dos contabilistas de Avatar fosse confundida com o cinema do resto do mundo.
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A maior ou menor coincidência dos BAFTA com os Oscars será uma mera pirueta estatística, curiosa mas irrelevante. A questão de fundo é a reafirmação da indústria britânica como uma máquina que, apesar das tradicionais relações com Hollywood, sabe manter as raízes da sua identidade. Pormenor não secundário: na cerimónia, Richard Attenborough, personalidade lendária do cinema britânico, terminou as suas funções como presidente da academia, sucedendo-lhe o Príncipe William. A austeridade britânica é para ser tomada à letra: para eles, o cinema é uma questão de Estado.