Como nos relacionamos com o património cinematográfico? É será que ainda nos relacionamos? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (5 de Fevereiro), com o título 'O nome de Renoir'.
A edição de mais um filme de Jean Renoir em DVD (French Can-Can, 1955) relança uma questão incómoda. A saber: como lidamos com o património cinematográfico? E não estou a pensar apenas na comunidade cinéfila (se é que tal coisa ainda existe): refiro-me a toda a complexidade de relações que vão desde as escolas até à educação que, mal ou bem (mais mal que bem), recebemos através da televisão.
Em boa verdade, o nome de Renoir deveria ser tão conhecido como o de Shakespeare, Camões ou Mozart. Para além da delicadeza emocional do seu universo, o cineasta de obras-primas como A Regra do Jogo (1939) ou Helena e os Homens (1956) é um criador que personifica a singularidade expressiva do cinema, e tanto mais quanto o assumiu também como síntese de outras artes (a começar pelo teatro). Ignorar a referência tutelar de Renoir é como tentar compreender a história do futebol omitindo os nomes de Pelé ou Eusébio... Que eu me atreva a sugerir semelhante paralelismo futebolístico, eis o que diz bem da falta de imaginação dos nossos tempos. E minha também.
A edição de mais um filme de Jean Renoir em DVD (French Can-Can, 1955) relança uma questão incómoda. A saber: como lidamos com o património cinematográfico? E não estou a pensar apenas na comunidade cinéfila (se é que tal coisa ainda existe): refiro-me a toda a complexidade de relações que vão desde as escolas até à educação que, mal ou bem (mais mal que bem), recebemos através da televisão.
Em boa verdade, o nome de Renoir deveria ser tão conhecido como o de Shakespeare, Camões ou Mozart. Para além da delicadeza emocional do seu universo, o cineasta de obras-primas como A Regra do Jogo (1939) ou Helena e os Homens (1956) é um criador que personifica a singularidade expressiva do cinema, e tanto mais quanto o assumiu também como síntese de outras artes (a começar pelo teatro). Ignorar a referência tutelar de Renoir é como tentar compreender a história do futebol omitindo os nomes de Pelé ou Eusébio... Que eu me atreva a sugerir semelhante paralelismo futebolístico, eis o que diz bem da falta de imaginação dos nossos tempos. E minha também.