– o alemão Konstantin Gropper captava focos de atenção não apenas localmente, mas em vários territórios europeus, colhendo uma série de favoráveis opiniões perante um disco de canções com gosto por uma evidente eloquência (por vezes resvalando para o barroco, é verdade). A música revelava mais uma ideia pop
de alma sinfonista em clima pós-Arcade Fire, mas com uma mão cheia de canções interessantes a sublinhar que não se tratava de uma mera aplicação de papel químico. Dois anos depois, e com uma presença numa banda sonora de Wim Wenders pelo caminho, um segundo álbum de
vem agora, sem fugir ao rumo antes definido, confirmar tanto o melhor como o pior do que o disco anterior nos mostrara. O melhor? O cuidado nos arranjos e na execução, criando uma noção de teatralidade em canções com uma segura noção de espaço. O pior? Uma talvez equívoca relação com a escrita, numa sucessão de quadros que acabam afinal inconsequentes apesar de convocarem referências a nomes como Séneca ou Herzog. É como uma magnífica encenação de um fraco texto para teatro… E sem o texto, convenhamos, não há peça que resista…
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No capítulo das desilusões, os Depeche Mode figuraram entre os autores de um dos maiores discos-tropeção de 2009. E em 2010 os
Massive Attack candidatam-se ao mesmo estatuto. Passaram sete anos desde
100th Window… E quase vinte desde o mítico
Blue Lines, um dos álbuns mais importantes na definição dos caminhos que a música popular seguiria nos anos 90. A expectativa era portanto enorme. E
Splitting The Atom, lançado algum tempo antes como aperitivo, revelara, sem sinais de grandes mudanças é certo, mais um belo encontro entre a canção, o
dub e climas assombrados.
Heligoland, contudo, revela agora uma banda confortavelmente instalada numa espécie de soma de lugares comuns de si mesma. Não se lhes pede nova revolução. Já fizeram uma. Mas a relação com as suas marcas de personalidade, em vez de experimentarem derivações (como o fizeram em
Mezzanine ou
100th Window, o primeiro ensaiando a distorção, o segundo filigranas feitas de electrónicas), optaram pelo que parece mais uma lógica de
lounge pront-a-ouvir, candidatando-se o disco a figurar naquele departamento do chique moderno onde rumaram uns Gotan Project ou De-Phazz. Há alguns momentos interessantes, nomeadamente na colaboração com Hope Sandoval ou em
Girl I Love You, pelo incontornável Horace Andy. Mas confronte-se esta música com a dos reactivados (e também veteranos) Bomb The Bass e constate-se como uma das mais visionárias bandas de 90 se transformou numa presença quase inconsequente.
Massive Attack
‘Heligoland’Virgin / EMI Music
2 / 5Para ouvir:
MySpace
Também esta semana:
Marina and The Diamonds, Ali Farka Toure + Toumani Diabate, David Byrne + Fat Boy Slim, Toro Y Moi, Xiu Xiu, Efterklang, Kasper Bjorke
Brevemente:
1 de Março: The Knife, Bomb The Bass, 2 Door Cinema Club, Joanna Newsom, Groove Armada, Chumbawamba, Lightspeed Champion, Blood Red Shoes, Elvis Costello, Lady Gaga (remixes), Andreas Scholl, Rogue Wave
8 de Março: Broken Bells, Gorillaz, Black Rebel Motorcyle Club, Pavement, Liars, Goldfrapp, Visage (best of), New Young Pony Club, Jimi Hendrix, Josh Rose
15 de Março: Jonsi Birgisson, White Stripes, Osvaldo Golijov, Brad Mehldau, Glee (banda Sonora), Jagga Jazzist, She & Him, Love Is All, Mick Karn
Março: Jonsi Birisson, Ruby Suns, Goldfrapp, White Stripes, Titus Andronicus, Jimi Hendrix, Nathalie Merchant, Rogue Wave, Black Rebel Motorcycle Club, Liars, Josh Rouse, Love Is All, She + Him, Broken Bells, Liars, Pavement (best of), White Stripes
Abril: Rufus Wainwright, MGMT, Lali Puna, We Have Band, Apples In Stereo, Trans AM, Paul Weller
PS. Os textos sobre os discos de Pantha du Prince e Shearwater são versões editadas de críticas já publicadas na revista NS