domingo, janeiro 17, 2010

Tune-Yards: one-girl-show

A grafia não é simples: tUnE-yArDs. Digamos, então, para os amigos: Tune-Yards. Em boa verdade, estamos perante um genuíno fenómeno one-girl-show, de seu nome Merrill Garbus (americana, da Nova Inglaterra), já que o seu primeiríssimo e fascinante álbum — Bird-Brains (aliás, BiRd-BrAiNs) — resulta de um genial exercício, quase solitário, de gravação caseira.
Por mim, confesso que não ouvia nada que me surpreendesse tanto — no sentido literal de surpresa como: revelação absoluta — desde que descobri as derivações electrónicas da alemã AGF. Merrill Garbus recorre a tudo, desde a guitarra ao ukelele, passando pela percussão em vidro (garrafas?). Por vezes soa como uma trovadora primitiva "pervertida" pela fúria do free jazz; outras vai exibindo sonoridades típicas de uma veterana do folk alternativo made in USA; outras ainda assume-se como feiticeira das profundezas africanas. E, entenda-se, não se trata de elogiar o mero efeito de colagem, mas de verificar como tudo isso se faz unidade, revelando uma voz prodigiosa (e uma infinitude de instrumentos), com um programa existencial tão ágil nas formas como denso na dramaturgia.
Vale a pena procurá-la no MySpace. Este registo do tema Real Live Flesh integra uma sessão gravada para a sua editora, a 4AD.



>>> Tune-Yards no MySpace.