segunda-feira, janeiro 18, 2010

Os Globos vistos da Europa

Para além da agitação mediática, que significado têm os prémios da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood? Trata-se de reavaliar os modos de abordagem do cinema (americano & europeu) a partir da Europa — este texto foi publicado antes da cerimónia de Los Angeles [foto: a chegada do apresentador Ricky Gervais], no Diário de Notícias (16 de Janeiro), com o título 'Sob o signo dos Globos'.

Muitas notícias vão surgir, por estes dias, a propósito da atribuição dos Globos de Ouro da Associação da Imprensa Estrangeira (na madrugada de domingo para segunda-feira). Mesmo reconhecendo a sua importância simbólica, continua a ser discutível que os prémios emanados de um grupo de jornalistas sediados na zona de Los Angeles (cerca de oito dezenas) sejam tratados com a evidência tradicionalmente concedida aos Oscars da Academia de Hollywood (com perto de seis mil membros votantes). Lembrar tais desequilíbrios é tanto mais pertinente quanto esta é também a semana de lançamento de O Laço Branco, consagrado como melhor filme de 2009 pela Academia de Cinema Europeu.
A pergunta é esta: porque é que as distinções do órgão máximo da produção cinematográfica europeia têm muito menos espaço mediático e força simbólica que os Globos de Ouro? Sejam quais forem as respostas, não serão cómodas para ninguém. Por isso, em vez de apontarmos os dedos uns aos outros, lembremos apenas a cruel verdade: a Europa trabalha muito pouco, e quase sempre muito mal, para vender o seu cinema.