domingo, janeiro 10, 2010

Nobuyasu Furuya: Lisboa, Japão

Palavras cépticas sobre a nossa idade da (des)informação:

>>> A informação chega automaticamente e os nossos cérebros são varridos e domesticados. A música realmente bela força-nos a pensar e, por isso, não é muito confortável ou fácil de escutar. Agora, os músicos preocupam-se em como mostrar, não com o que dizer, e é por isso que 'o jazz morreu'. Toda a gente toca o mesmo. Podem ter um conceito, mas não têm alma. É preciso assumir uma posição contra isso.

São palavras do músico japonês, a viver em Lisboa, Nobuyasu Furuya, reproduzidas nas notas de Rui Eduardo Paes para o magnífico álbum Bendowa (Clean Feed). Na companhia dos brilhantes Hernâni Faustino (contrabaixo) e Gabriel Ferrandini (bateria), Furuya propõe um ciclo de viagens tão atraente quanto enigmático, porventura reflectindo a teia de referências e contrastes da sua própria démarche geográfica e cultural — é um trabalho que, como dizia o poeta, se entranha, demonstrando que a notícia da morte do jazz é, no mínimo, um pouco exagerada.