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Têm andado agitadas as águas na programação da NBC, nos EUA. E por causa de um dos seus nomes mais emblemáticos: Jay Leno. Primeiro, arrancou com The Jay Leno Show, programa de uma hora de duração, tendo o seu clássico The Tonight Show passado para Conan O’Brien. A ideia era colocar Leno em horário nobre, rentabilizando a sua imagem de muitos anos. Assim aconteceu durante quatro meses, mas com resultados que estão longe de entusiasmar a NBC. Efeito prático: abandonando a ideia de testar The Jay Leno Show durante um ano, a estação propõe-se manter Leno onde está (22h00) apenas até ao começo das transmissões dos Jogos Olímpicos de Inverno (12 de Fevereiro). Depois, será “empurrado” para as 23h35, reduzindo a sua presença a meia hora. No alinhamento da madrugada, deverão seguir-se The Tonight Show (00h05), com Conan O’Brien, e Late Night, com Jimmy Fallon (01h05).
Se as coisas vão ficar assim ou não, não é seguro (na altura em que escrevo, Conan O’Brien declarou ainda não ter chegado a acordo para o novo arranjo). Em todo o caso, há aqui uma convulsão que não pode ser avaliada apenas através da passagem destes programas na Europa, em particular nos nossos canais do cabo. É uma convulsão que está para além do valor de cada um dos apresentadores, uma vez que joga com o conceito de horário nobre.
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Em boa verdade, isso significa também que os instrumentos convencionais de medida (audiências, shares, etc.) são mais do que nunca insuficientes, ou mesmo inadequados, para avaliar a dinâmica das televisões. Quem, um destes dias, tiver a coragem de o reconhecer, poderá estar a iniciar a revolução televisiva do século XXI, transfigurando todas as suas bases económicas.