“If you really want to hear about it, the first thing you’ll probably want to know is where I was born and what my lousy childhood was like, and how my parents were occupied and all before they had me, and all that David Copperfield kind of crap, but I don’t feel like going into it, if you want to know the truth.”
Esta é, por certo, uma das mais célebres aberturas de romances (americanos ou não). Nas primeiras linhas de The Catcher in the Rye (1951), J. D. Salinger projecta-nos na pessoalísima narrativa de Holden Caulfield, um jovem de 16 anos cujas aventuras em Nova Iorque — descritas e vividas de forma crua e cáustica — se transformariam numa montra simbólica da geração do pós-guerra a crescer em ambiente de grandes abalos familiares e sociais e, num plano mais geral, sob o signo da Guerra Fria. Nascido a 1 de Janeiro de 1919, em Nova Iorque, Salinger — de seu nome completo Jerome David Salinger — faleceu no dia 27 de Janeiro na sua casa de Cornish, New Hampshire.
Não tem nada de casual o facto de quase todas as notícias da morte de Salinger serem ilustradas pela mesma fotografia (datada de 1950), aqui reproduzida. De facto, ele foi um caso extremo de resistência à exposição pública, tendo vivido em Cornish desde 1953, recusando ser fotografado ou dar entrevistas, e protagonizando algumas batalhas legais para defesa da sua privacidade. Depois de A Catcher in the Rye — traduzido entre nós, primeiro como Uma Agulha no Palheiro (Livros do Brasil, 1983) e mais tarde À Espera no Centeio (Difel, 2005) —, publicou Nine Stories (1953), Franny and Zooey (1961) e Raise High the Roof Beam, Carpenters and Seymour: an Introduction (1963). Em 1949, Hollywood adaptou uma das suas histórias, Uncle Wiggily in Connecticut, com o título My Foolish Heart/Meu Louco Coração, com Susan Hayward e Dana Andrews nos principais papéis e realização de Mark Robson — rezam as crónicas que Salinger terá ficado profundamente descontente com os resultados.
Hapworth 16, 1964, conto incluído na edição de 19 de Junho de 1965 de The New Yorker, é o seu derradeiro trabalho publicado (ao todo, a revista acolheu treze dos seus contos) — como outras narrativas do autor, centra-se na família Glass, uma espécie de câmara de eco de uma linha temática vital na obra de Salinger: a arbitrariedade da organização do quotidiano e o misto de ordem e desordem que as palavras faladas podem conter ou atrair.
>>> Obituário no New York Times.
>>> Memórias de J. D. Salinger em The New Yorker.
>>> Sobre J. D. Salinger: Time (15 Set. 1961).
Esta é, por certo, uma das mais célebres aberturas de romances (americanos ou não). Nas primeiras linhas de The Catcher in the Rye (1951), J. D. Salinger projecta-nos na pessoalísima narrativa de Holden Caulfield, um jovem de 16 anos cujas aventuras em Nova Iorque — descritas e vividas de forma crua e cáustica — se transformariam numa montra simbólica da geração do pós-guerra a crescer em ambiente de grandes abalos familiares e sociais e, num plano mais geral, sob o signo da Guerra Fria. Nascido a 1 de Janeiro de 1919, em Nova Iorque, Salinger — de seu nome completo Jerome David Salinger — faleceu no dia 27 de Janeiro na sua casa de Cornish, New Hampshire.
Não tem nada de casual o facto de quase todas as notícias da morte de Salinger serem ilustradas pela mesma fotografia (datada de 1950), aqui reproduzida. De facto, ele foi um caso extremo de resistência à exposição pública, tendo vivido em Cornish desde 1953, recusando ser fotografado ou dar entrevistas, e protagonizando algumas batalhas legais para defesa da sua privacidade. Depois de A Catcher in the Rye — traduzido entre nós, primeiro como Uma Agulha no Palheiro (Livros do Brasil, 1983) e mais tarde À Espera no Centeio (Difel, 2005) —, publicou Nine Stories (1953), Franny and Zooey (1961) e Raise High the Roof Beam, Carpenters and Seymour: an Introduction (1963). Em 1949, Hollywood adaptou uma das suas histórias, Uncle Wiggily in Connecticut, com o título My Foolish Heart/Meu Louco Coração, com Susan Hayward e Dana Andrews nos principais papéis e realização de Mark Robson — rezam as crónicas que Salinger terá ficado profundamente descontente com os resultados.
Hapworth 16, 1964, conto incluído na edição de 19 de Junho de 1965 de The New Yorker, é o seu derradeiro trabalho publicado (ao todo, a revista acolheu treze dos seus contos) — como outras narrativas do autor, centra-se na família Glass, uma espécie de câmara de eco de uma linha temática vital na obra de Salinger: a arbitrariedade da organização do quotidiano e o misto de ordem e desordem que as palavras faladas podem conter ou atrair.
>>> Obituário no New York Times.
>>> Memórias de J. D. Salinger em The New Yorker.
>>> Sobre J. D. Salinger: Time (15 Set. 1961).