Esta é uma imagem [BBC] do final de um jogo de hoje da Taça de Inglaterra (visto na Sport TV): os jogadores do Leeds comemoram a vitória (0-1) no terreno do Manchester United. No final da transmissão, ouvimos o comentador classificar a eliminação da equipa de Alex Ferguson como "humilhante".
Onde está a humilhação? Será que esta é a triste evolução do "futebol-como-tribunal"? Confesso que já perdi a esperança de, algum dia, deparar com a disponibilidade de algum comentador para reflectir sobre a corrente noção de justiça nos resultados do futebol — de facto, tal noção introduz no imaginário desportivo uma perversa dimensão de tribunal, ignorando que os resultados não são produto de nenhum determinismo racional e, ao mesmo tempo, legitimando o comportamento dos "adeptos" que acham a sua equipa injustiçada apenas porque o adversário marcou mais golos...
Seja como for, a noção de humilhação na derrota acrescenta (mais) uma lamentável dimensão moralista à visão dominante do futebol. Em primeiro lugar, porque desvaloriza automaticamente os vencedores; depois, porque menospreza a vibração própria de um jogo de futebol, incluindo essa coisa maravilhosa que é a imprevisibilidade do resultado. Repete-se, assim, a célebre mitologia das "falhas de marcação" — por vezes, parece que há comentadores que idealizam jogos sem falhas de marcação que, inevitavelmente, acabariam todos com o resultado 0-0!
Pormenor aparentemente secundário: o Manchester United-Leeds foi um extraordinário espectáculo! Ou para utilizar o adjectivo do comentário publicado pela BBC: thrilling.
Onde está a humilhação? Será que esta é a triste evolução do "futebol-como-tribunal"? Confesso que já perdi a esperança de, algum dia, deparar com a disponibilidade de algum comentador para reflectir sobre a corrente noção de justiça nos resultados do futebol — de facto, tal noção introduz no imaginário desportivo uma perversa dimensão de tribunal, ignorando que os resultados não são produto de nenhum determinismo racional e, ao mesmo tempo, legitimando o comportamento dos "adeptos" que acham a sua equipa injustiçada apenas porque o adversário marcou mais golos...
Seja como for, a noção de humilhação na derrota acrescenta (mais) uma lamentável dimensão moralista à visão dominante do futebol. Em primeiro lugar, porque desvaloriza automaticamente os vencedores; depois, porque menospreza a vibração própria de um jogo de futebol, incluindo essa coisa maravilhosa que é a imprevisibilidade do resultado. Repete-se, assim, a célebre mitologia das "falhas de marcação" — por vezes, parece que há comentadores que idealizam jogos sem falhas de marcação que, inevitavelmente, acabariam todos com o resultado 0-0!
Pormenor aparentemente secundário: o Manchester United-Leeds foi um extraordinário espectáculo! Ou para utilizar o adjectivo do comentário publicado pela BBC: thrilling.