Mais do que nunca, importa reflectir sobre a pluralidade da experiência digital em cinema: o que é, que efeitos produz, que futuro(s) anuncia? Vale a pena, por isso, ler um artigo publicado em The New York Times, da autoria de Manohla Dargis. Tomando como ponto de partida o lançamento de Avatar, nele se sublinha o modo como o digital pode estar a fazer renascer a dimensão social do cinema, isto é, do ir ao cinema. Ao mesmo tempo, trata-se de recordar alguns dados incontornáveis: primeiro, que a reflexão sobre o digital não deve ficar bloqueada nos objectos que conhecemos através de campanhas mais ou menos "militantes" (Dargis lembra, como contraponto, o discurso relativamente discreto de autores como Michael Mann ou David Fincher, a propósito de filmes como Colateral ou O Estranho Caso de Benjamin Button, ambos rodados em digital); segundo, que estamos a assistir a uma mudança radical da materialidade dos ecrãs, com esse "delírio" impensável no nascimento do cinema (em boa verdade, há uma dezena de anos) que é podermos ver um filme no... telemóvel.