A série Mad Men é um caso exemplar de relação com o património cinéfilo de Hollywood — este texto foi publicado no Diário de Notícias (30 de Janeiro), com o título 'Cinefilia televisiva'.
Um dos aspectos mais interessantes da série Mad Men (a segunda temporada está a passar na RTP2, a primeira já existe em DVD) é também um dos menos comentados. Ou seja: as suas raízes cinematográficas e, em particular, a sua ligação às convulsões temáticas dos anos 50/60 na produção de Hollywood.
Para nos ficarmos por uma referência emblemática, lembremos esse filme de génio que é O Apartamento, de Billy Wilder, com Jack Lemmon e Shirley MacLaine. Distinguido com cinco Oscars (incluindo o de melhor filme de 1960), O Apartamento aborda, em tom de “comédia dramática”, a mesma conjuntura social e simbólica que está presente em Mad Men: tudo acontece nesse mundo de escritórios da grande metrópole novaiorquina em que se vive uma agitada transfiguração de padrões de trabalho e consumo, ao mesmo tempo que são abaladas as tradicionais relações entre homens e mulheres. Que a série concebida por Matthew Weiner tenha estas memórias cinéfilas, eis um esclarecedor sintoma: o melhor da televisão contemporânea não está nas novelas infinitamente repetidas nem na histeria dos concursos.
Um dos aspectos mais interessantes da série Mad Men (a segunda temporada está a passar na RTP2, a primeira já existe em DVD) é também um dos menos comentados. Ou seja: as suas raízes cinematográficas e, em particular, a sua ligação às convulsões temáticas dos anos 50/60 na produção de Hollywood.
Para nos ficarmos por uma referência emblemática, lembremos esse filme de génio que é O Apartamento, de Billy Wilder, com Jack Lemmon e Shirley MacLaine. Distinguido com cinco Oscars (incluindo o de melhor filme de 1960), O Apartamento aborda, em tom de “comédia dramática”, a mesma conjuntura social e simbólica que está presente em Mad Men: tudo acontece nesse mundo de escritórios da grande metrópole novaiorquina em que se vive uma agitada transfiguração de padrões de trabalho e consumo, ao mesmo tempo que são abaladas as tradicionais relações entre homens e mulheres. Que a série concebida por Matthew Weiner tenha estas memórias cinéfilas, eis um esclarecedor sintoma: o melhor da televisão contemporânea não está nas novelas infinitamente repetidas nem na histeria dos concursos.