No seu tom imperativo, é uma bela expressão — define um estilo jornalístico e também uma pose criativa individual: "Brusquez-moi!". Que é como quem diz: surpreendam-me, mas com brusquidão, porventura com alguma aspereza emocional e violência estética. É o título da entrevista de Charlotte Gainsbourg à revista francesa Les Inrockuptibles (8 de Dezembro). Com duplo pretexto: a estreia do filme Persécution, de Patrice Chéreau, por ela protagonizado, e o lançamento do seu álbum IRM, produzido por Beck — recorde-se que Charlotte protagoniza também o Antichrist, de Lars von Trier, contracenando com Willem Dafoe [estreia portuguesa: 28 de Janeiro]. Com a presença de Beck, justamente, se faz uma das suas novas canções, Heaven Can Wait, aqui encenada num espantoso teledisco assinado por Keith Schofield, a provar que nas relações entre natural e virtual está tudo em aberto.