Continuamos a fazer um percurso através dos álbuns dos Kraftwerk que agora são reeditados com som remasterizado. Ordenados cronologicamente, passamos hoje por Electric Cafe, de 1986, que agora é reeditado sob o título Techno Pop.
Depois de uma certa regularidade entre edições desde o início dos anos 70, um hiato de cinco anos gerou um longo silêncio em meados dos anos 80. Em 1982 o grupo iniciou as sessões de gravação de um novo álbum que, dizia-se então, teria o título Techno Pop. Dessas primeiras sessões surgiu, em 1983, o single Tour de France. Foi então marcada uma data para o lançamento do álbum, mas um acidente de Ralf Hutter afastou-o do estúdio durante um longo período, o primeiro de uma série de contratempos que acabaria por adiar a edição até 1986, com outro alinhamento e outro título: Electric Café (ver capa original ao lado). Apesar de gravado em fitas analógicas, era o primeiro disco do grupo a ser integralmente criado com instrumentos digitais. No lado A surge uma série de três temas que podem ser entendidos como parte de uma “suite” maior, partilhando elementos rítmicos e um clima comum. Já na face B surgem as canções “pop” na linha das que vinham a apresentar… Ao disco falta contudo uma noção de ideia (ou conceito) semelhante ao que conferira consistência temática aos anteriores. E, convenhamos, a sugestão de um título como Techno Pop faz mais sentido que a de Electric Café perante o alinhamento em vista. Até porque, segundo foram deixando claro em várias entrevistas, à excepção de Tour de France (que acabou por ter vida própria fora do álbum), o alinhamento de Electric Café não é mais que a evolução directa, ao fim de quase cinco anos de trabalho, do que haviam começado a trabalhar para o álbum Techno Pop. Daí que não seja descabida a opção de, agora, nesta campanha de reedições, apresentarem o disco sob o seu título originalmente pretendido. Alterando ligeiramente o alinhamento para acolher uma versão mais curta de The Telephone Call e uma remistura, da mesma faixa, House Phone. Nota final para o facto deste ter sido o último álbum gravado pela "formação clássica" do grupo (ou seja, Hutter, Schneider, Bartos e Flur).