Como descobriu os primeiros sinais de que havia em si um compositor?
Acho que a minha história pode não ser diferente da de muitos outros compositores. Eu tocava. Mas era um mau pianista. E a dada altura apercebi-me que podia fazer eu mesmo a música que podia tocar. E comecei a juntar ideias pequenas ideias para eu mesmo fazer... Tinha uns dez ou 11 anos. Gradualmente foquei-me no sentido de ir para onde queria ir... E isso era escrever música. E é assustador aquilo de olhar para um pedaço de papel. Mas acabou por ser libertador, porque me fez acabar a tocar melhor o que queria tocar.
O que o inspirou para avançar no sentido que escolheu. Que músicas o mais marcaram nessa etapa de descoberta?
Creio que foi por causa das coisas a que tive acesso. Os meus pais tinham música folk em casa. Na verdade só dei por mim a pensar o que é que faz uma grande canção pop alguns anos depois. Era um miúdo estranho... Gostava de fazer coisas estranhas...
Entre os professores que teve mais tarde conta-se John Corrigliano. Sentiu a presença da sua influência mais tarde, ao aprofundar o seu trabalho na composição?
Foi enorme. A sua principal influência tem mais a ver com estrutura, mais que com o som... Ele ajudou-me a entender que a música pode contar uma história, que pode ter uma construção emocional e não apenas uma construção de sónica. A estrutura como uma ferramenta emocional.
Trabalhou depois com Philip Glass, em concreto nos Looking Glass Studios. O que recorda como formador para si nessa etapa recente da sua vida profissional?
Já lá não trabalho neste momento. Uma das coisas que mais me interessou durante o tempo em que trabalhei com ele foi o verificar que ele é um dos compositores mais pragmáticas que existem. Ele encara cada projecto em que trabalha de uma forma completamente pragmática. E não emocional... Não tem nada aquela coisa do compositor como um anjo sensível que reage a grandes questões. Ele ensinou-me antes a encarar o facto de um compositor ser alguém com um trabalho a cumprir. Alguém que tem algo a fazer. Como um marceneiro que faz mesas.
Vê essa etapa ao lado de Philip Glass como uma espécie de pós-graduação? Um programa de estudo sem, na verdade, o ser?
Foi um pouco isso. Não era como estar na escola, mas sentia que estava a aprender.
(continua)