quarta-feira, novembro 18, 2009

Coppola x 10

Cannes, 2009
Foto publicada no jornal
The Guardian

O mais recente filme de Francis Ford Coppola, Tetro, tem estreia portuguesa marcada para o dia 19 de Novembro: estes textos evocam, de forma telegráfica, dez títulos marcantes da sua trajectória — foram publicados no Diário de Notícias (14 de Novembro), integrados num dossier sobre Coppola.

1963 – DEMENTIA 13

Produção de Roger Corman (a preto e branco) em que já se espelham duas qualidades essenciais: o gosto da experimentação (neste caso com as regras do género de terror) e a capacidade de trabalhar com pequenos orçamentos.

1969 – CHOVE NO MEU CORAÇÃO

Melodrama (a cores) sobre as convulsões afectivas e os dramas morais de um casal de Long Island. Coppola é também autor do notável argumento. Grandes interpretações de Robert Duvall e Shirley Knight.

1972 – O PADRINHO

A Paramount achava que Marlon Brando tinha passado à história e Al Pacino seria uma má escolha. Oscars para melhor filme, melhor actor (Brando) e melhor argumento adaptado (partilhado com Mario Puzo).

1974 – O VIGILANTE

Pequena produção logo a seguir a O Padrinho, centrada na personagem de um especialista em escutas: uma fábula política sobre o direito à privacidade cuja actualidade se mantém. Gene Hackman é genial.

1979 – APOCALYPSE NOW

Obra-prima que condensa a ideia do cinema como fenómeno “maior que a vida”: a guerra do Vietname filmada como um pesadelo realista que conduz os americanos a um confronto com a sua própria identidade.

1982 – DO FUNDO DO CORAÇÃO

Coppola quis fazer um filme (musical, experimental) que fosse também a consolidação do seu conceito de estúdio (Zoetrope). Resultado financeiro: a falência. Em termos cinematográficos: um clássico.

1983 – RUMBLE FISH

Com Matt Dillon, Diane Lane e Mickey Rourke, um retrato íntimo dos dramas da juventude, tocado pela herança trágica de James Dean. A preto e branco, com algumas breves imagens a cores, tal como Tetro.

1986 – CAPTAIN EO

Curta-metragem com Michael Jackson, em 3-D, rodada especificamente para os parques temáticos da Disney (onde se manteve em exibição até 1997). Uma espécie de delirante teledisco ainda inédito em DVD.

1992 – DRÁCULA

Sofisticado retorno ao filme de vampiros (com Gary Oldman em Drácula), tirando o melhor partido das novas tecnologias de estúdio. Em termos financeiros, foi fundamental para pagar dívidas da Zoetrope.

2007 – UMA SEGUNDA JUVENTUDE

Coppola não filmava desde 1997 (O Poder da Justiça). Baseado numa novela de Mircea Eliade, ilustra um enérgico retorno ao passado: pela reflexão sobre a juventude e pelo sentido de experimentação.